Panorama internacional

Pentágono começa a ficar sem mísseis de defesa aérea por envios a Israel e Kiev, diz mídia americana

Os Estados Unidos já lançaram mais de US$ 1,8 bilhão em interceptadores desde que a guerra em Gaza começou e seguem com contínuo fluxo de armamento para Ucrânia, levantando questões sobre a prontidão do Pentágono em responder às guerras contínuas e a um possível conflito no Pacífico, escreve o The Wall Street Journal nesta terça-feira (29).
Sputnik
De acordo com a mídia, os interceptadores estão se tornando rapidamente a munição mais procurada durante a crise crescente no Oriente Médio, com a escassez podendo se tornar ainda mais urgente após os ataques entre Israel e Irã na última semana.
Os mísseis padrão, que geralmente são lançados de navios e vêm em vários tipos, estão entre os interceptadores mais comuns que os EUA usaram para defender o território israelense de ataques de mísseis iranianos e são essenciais para impedir ataques houthis a navios ocidentais no mar Vermelho.
Segundo o jornal, citando autoridades dos EUA, o Exército norte-americano lançou mais de 100 mísseis padrão desde o ataque do Hamas em outubro de 2023 a Israel.

"Os EUA não desenvolveram uma base industrial de defesa destinada a uma guerra de atrito em larga escala na Europa e no Oriente Médio, ao mesmo tempo, em que atendem aos seus próprios padrões de prontidão. E ambas as guerras são conflitos prolongados, o que não fazia parte do planejamento de defesa dos EUA", analisou Elias Yousif, membro e vice-diretor do Programa de Defesa Convencional no Stimson Center em Washington.

O jornal reporta que o Departamento de Defesa diz que não divulga publicamente seus estoques porque as informações são confidenciais e podem ser aproveitadas pelo Irã e seus representantes.
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Desde que a guerra entre o Hamas e Israel começou no ano passado, navios dos EUA lançaram mais de US$ 1,8 bilhão (R$ 10,2 bilhões) em interceptadores para impedir que o Irã e seus representantes atacassem Israel e navios que viajassem pelo mar Vermelho, de acordo com a Marinha estadunidense.
A força frequentemente lança dois interceptadores para cada míssil ao responder a ataques, essencialmente como uma apólice de seguro para garantir que o alvo seja atingido. Um único míssil padrão pode custar milhões de dólares, tornando-se uma maneira cara de se defender contra armas de fabricação iraniana, que custam muito menos.

"Essas são munições realmente caras para abater alvos houthis de baixa qualidade, e cada uma que eles gastam leva meses para ser substituída — e a um custo muito, muito alto", disse um funcionário do Congresso.

Por exemplo, os EUA lançaram uma dúzia de mísseis padrão durante o ataque de mísseis do Irã contra Israel em 1º de outubro, além de empregar outros sistemas de defesa aérea, mas as forças norte-americanas e israelenses deixaram passar alguns dos 180 mísseis iranianos que sabiam que não atingiriam locais valiosos para preservar seu estoque de interceptadores, disseram autoridades ouvidas pela mídia.
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No início deste mês, na preparação para o ataque retaliatório de Israel ao Irã, o Pentágono implantou o Terminal High Altitude Area Defense, ou sistema THAAD, em Israel, um movimento que permite aos EUA usar interceptadores além dos mísseis padrão para reforçar as defesas de Israel.
O Pentágono também moveu sistemas adicionais de defesa de mísseis Patriot para o Oriente Médio, o que exigiu a troca do número limitado de baterias que ele tem em estoque para também atender à demanda na Ucrânia.
O uso pesado de armas como interceptadores no Oriente Médio também está colocando em risco a capacidade do Pentágono de lutar no Pacífico, disse Mark Montgomery, contra-almirante aposentado e agora diretor sênior da Fundação para a Defesa das Democracias, um centro de estudos conservador em Washington.
"Estamos gastando um ano de mísseis padrão — esses são mísseis padrão que supostamente fazem parte do nosso rearmamento para a China. Então, 100%, nós, mais uma vez no Oriente Médio, atrasamos a prontidão da Marinha para executar operações no Pacífico", afirmou Montgomery, entrevistado pela mídia.
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