De acordo com a mídia, os interceptadores estão se tornando rapidamente a munição mais procurada durante a crise crescente no Oriente Médio, com a escassez podendo se tornar ainda mais urgente após os ataques entre Israel e Irã na última semana.
Os mísseis padrão, que geralmente são lançados de navios e vêm em vários tipos, estão entre os interceptadores mais comuns que os EUA usaram para defender o território israelense de ataques de mísseis iranianos e são essenciais para impedir ataques houthis a navios ocidentais no mar Vermelho.
Segundo o jornal, citando autoridades dos EUA, o Exército norte-americano lançou mais de 100 mísseis padrão desde o ataque do Hamas em outubro de 2023 a Israel.
"Os EUA não desenvolveram uma base industrial de defesa destinada a uma guerra de atrito em larga escala na Europa e no Oriente Médio, ao mesmo tempo, em que atendem aos seus próprios padrões de prontidão. E ambas as guerras são conflitos prolongados, o que não fazia parte do planejamento de defesa dos EUA", analisou Elias Yousif, membro e vice-diretor do Programa de Defesa Convencional no Stimson Center em Washington.
O jornal reporta que o Departamento de Defesa diz que não divulga publicamente seus estoques porque as informações são confidenciais e podem ser aproveitadas pelo Irã e seus representantes.
Desde que a guerra entre o Hamas e Israel começou no ano passado, navios dos EUA lançaram mais de US$ 1,8 bilhão (R$ 10,2 bilhões) em interceptadores para impedir que o Irã e seus representantes atacassem Israel e navios que viajassem pelo mar Vermelho, de acordo com a Marinha estadunidense.
A força frequentemente lança dois interceptadores para cada míssil ao responder a ataques, essencialmente como uma apólice de seguro para garantir que o alvo seja atingido. Um único míssil padrão pode custar milhões de dólares, tornando-se uma maneira cara de se defender contra armas de fabricação iraniana, que custam muito menos.
"Essas são munições realmente caras para abater alvos houthis de baixa qualidade, e cada uma que eles gastam leva meses para ser substituída — e a um custo muito, muito alto", disse um funcionário do Congresso.
Por exemplo, os EUA lançaram uma dúzia de mísseis padrão durante o ataque de mísseis do Irã contra Israel em 1º de outubro, além de empregar outros sistemas de defesa aérea, mas as forças norte-americanas e israelenses deixaram passar alguns dos 180 mísseis iranianos que sabiam que não atingiriam locais valiosos para preservar seu estoque de interceptadores, disseram autoridades ouvidas pela mídia.
No início deste mês, na preparação para o ataque retaliatório de Israel ao Irã, o Pentágono implantou o Terminal High Altitude Area Defense, ou sistema THAAD, em Israel, um movimento que permite aos EUA usar interceptadores além dos mísseis padrão para reforçar as defesas de Israel.
O Pentágono também moveu sistemas adicionais de defesa de mísseis Patriot para o Oriente Médio, o que exigiu a troca do número limitado de baterias que ele tem em estoque para também atender à demanda na Ucrânia.
O uso pesado de armas como interceptadores no Oriente Médio também está colocando em risco a capacidade do Pentágono de lutar no Pacífico, disse Mark Montgomery, contra-almirante aposentado e agora diretor sênior da Fundação para a Defesa das Democracias, um centro de estudos conservador em Washington.
"Estamos gastando um ano de mísseis padrão — esses são mísseis padrão que supostamente fazem parte do nosso rearmamento para a China. Então, 100%, nós, mais uma vez no Oriente Médio, atrasamos a prontidão da Marinha para executar operações no Pacífico", afirmou Montgomery, entrevistado pela mídia.