Nesta quinta-feira (31), a coalizão EUA-Reino Unido lançou novos ataques em Hodeida, estratégica cidade portuária controlada pelos houthis, de acordo com a televisão iemenita. Moradores relataram uma "enorme explosão" antes do amanhecer à agência de notícias Xinhua, da China.
Ainda segundo a mídia local, dois ataques aéreos visaram o aeroporto da cidade ontem (30), logo após os houthis anunciarem que haviam lançado um míssil balístico hipersônico conhecido como Palestine-2 contra uma base militar israelense perto de Tel Aviv.
Os ataques desta semana dos EUA e Reino Unido ocorreram após os houthis exibirem um novo drone naval submersível conhecido como Al-Qaria ("A Grande Calamidade", em tradução livre) e lançarem outro ataque com drone visando à zona industrial na cidade israelense de Ashkelon.
Hodeida tem sido alvo de bombardeios regulares pelos EUA, Reino Unido e Israel nos últimos meses, com os aviões de guerra geralmente mirando a infraestrutura local após drones e mísseis houthis conseguirem percorrer mais de 2 mil km de território controlado pela milícia até Israel.
Durante a Guerra Civil Iemenita, as instalações portuárias da cidade se tornaram o ponto de entrada para cerca de 75% da ajuda humanitária internacional enviada ao Iêmen, além de entregas de combustível e bens essenciais.
Nos últimos meses, as cargas que entram no porto da cidade têm sido inspecionadas por agentes das Nações Unidas para garantir que não entrem armas para a milícia iemenita.
Em resposta ao envio de um drone houthi que acertou um prédio em Tel Aviv, a cerca de 100 metros de uma representação diplomática dos EUA, em julho, as Forças de Defesa de Israel (FDI) atacaram o porto iemenita, matando 14 pessoas e ferindo mais de 90. Guindastes do porto, uma estação de geração de energia, uma refinaria de petróleo e infraestrutura de armazenamento de petróleo foram danificados no ataque.
Quase um ano após os houthis iniciarem sua campanha de sequestros de navios e ataques com mísseis e drones para negar acesso a Israel e seus aliados ao mar Vermelho, em solidariedade a Gaza, e quase dez meses após Washington anunciar sua operação naval Guardião da Prosperidade, para degradar as capacidades houthis e interromper os ataques, a milícia permanece resiliente.
Na semana passada, um jornal militar dos EUA revelou que os houthis quase atingiram navios de guerra americanos no mar Vermelho em duas ocasiões distintas ao longo do último ano. Em uma delas, em junho, um projétil da milícia passou a 200 metros do porta-aviões USS Eisenhower.
Nesta semana, o Ministério da Defesa da Alemanha determinou a mudança de rota de dois navios da Marinha, atualmente em missão na Ásia, para que evitassem o mar Vermelho. As embarcações voltarão para a Europa contornando o cabo da Boa Esperança, pela costa ocidental da África.
Os EUA sozinhos gastaram mais de US$ 2,5 bilhões (R$ 12,5 bilhões) em desdobramentos anti-houthis, cerca de um décimo dos estimados US$ 22,76 bilhões (R$ 113,5 bilhões) comprometidos na crise do Oriente Médio neste ano.