"Decidi, para viabilizar o diálogo, iniciar uma greve de fome até que o governo instale duas mesas de diálogo: primeiro, [para discutir] a questão econômica, e segundo, a questão política", afirmou Morales em uma coletiva de imprensa na região de Villa Tunari.
Organizações sociais próximas ao ex-presidente Morales mantêm pelo menos 20 bloqueios de estradas desde 14 de outubro, principalmente no departamento de Cochabamba, o que impede o trânsito de passageiros e cargas entre as cidades do oriente e do ocidente da Bolívia.
"Para que o diálogo seja viável, responsável e tenha resultados, peço a participação de alguns organismos internacionais ou países amigos", propôs Morales.
A polícia boliviana conseguiu desobstruir o principal bloqueio, localizado em Parotani, região que ficou fechada durante 19 dias. Mais cedo, apoiadores de Morales chegaram a tomar o controle de três unidades militares no departamento de Cochabamba.
"Denunciamos ao povo boliviano e à comunidade internacional que grupos armados afins a Evo Morales assaltaram três unidades militares no […] [departamento] de Cochabamba, mantendo militares e suas famílias reféns, ameaçando suas vidas, sendo que eles não intervêm em nenhuma operação, apenas estão protegendo suas unidades. Eles são de origem popular, e muitos também têm raízes indígenas originárias, como os policiais contra os quais esses grupos irregulares estão disparando com armas letais e lançando dinamites", informou o governo Arce.
Os apoiadores mantêm militares como reféns, informou uma emissora de TV da Bolívia. Uma filmagem dos manifestantes foi publicada nas redes sociais, mostrando um militar pedindo para que não houvesse qualquer intervenção, já que sua vida e a de outros soldados estavam em risco.
Arce foi ministro da Economia de Morales durante a maior parte de seus 14 anos de governo, mas agora ambos estão em conflito pela candidatura presidencial do Movimento ao Socialismo (MAS, esquerda) para as eleições gerais de 2025.