Panorama internacional

'Com surpresa': Brasil expressa espanto com 'tom ofensivo' da Venezuela em ataques de autoridades

O governo brasileiro expressou surpresa e descontentamento diante do tom ofensivo adotado por autoridades da Venezuela em manifestações recentes.
Sputnik
Em nota oficial, o Itamaraty afirmou que "a opção por ataques pessoais e escaladas retóricas, em substituição aos canais políticos e diplomáticos, não corresponde à forma respeitosa com que o governo brasileiro trata a Venezuela e o seu povo".

O comunicado ressalta que "o Brasil sempre teve muito apreço ao princípio da não intervenção e respeita plenamente a soberania de cada país e, em especial, a de seus vizinhos."

Quanto a isso, a preocupação do governo brasileiro com o processo eleitoral na Venezuela é fundamentada em sua condição de "testemunha dos Acordos de Barbados, para o qual foi convidado, assim como para o acompanhamento do pleito de 28 de julho".
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O Itamaraty reafirma que "parcerias devem ser baseadas no diálogo franco, no respeito às diferenças e no entendimento mútuo", defendendo a necessidade de manter canais políticos, em vez de optar por confrontos retóricos.

Relações

Nos últimos meses, as relações diplomáticas entre os dois países sul-americanos se tornaram tensas. Após uma eleição conturbada na Venezuela no final de julho, o Brasil — junto da Colômbia e do México — assumiu o papel de mediador entre as partes.
Na época, o presidente Nicolás Maduro prometeu aos seus interlocutores brasileiros apresentar as atas que comprovariam sua vitória eleitoral. "Algo nos foi dito e não foi cumprido", comentou Amorim.
Desde então, Amorim relata que o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, não conversa diretamente com Maduro, apenas com interlocutores. Ainda assim, pedidos como de deputados da oposição para a quebra de relações diplomáticas não devem ser ouvidos, explicitou o assessor.
"O mal-estar existe, mas se quisermos alguma influência em um processo de democratização, precisaremos de interlocução."
Segundo o embaixador, ano que vem estão previstas eleições regionais e parlamentares. "É um risco, mas também uma oportunidade." "Se um país quer ter importância positiva, não pode se desqualificar como interlocutor."
Amorim destacou ainda que a importância de manter os canais abertos não se encontra apenas na influência do processo democrático venezuelano, mas também para impedir que outro poder entre no vácuo deixado.
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"Se não, vem outros. Você tem de um lado os Estados Unidos e, do outro lado, tem países distantes. Não queremos que a Venezuela seja palco de uma guerra fria ou de um conflito na Amazônia."

Venezuela no BRICS

Após ambos participarem da 16ª Cúpula do BRICS em Kazan, na Rússia, o Brasil foi acusado pela Venezuela de bloquear sua entrada no grupo de países.
Como resposta, a chancelaria venezuelana acusou o Itamaraty de conspirar contra o país e classificou o gesto como uma "agressão".
Para Amorim, de fato, a Venezuela neste momento não contribuiria para um "melhor funcionamento do BRICS".
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