"Esta é uma discriminação flagrante do nosso povo e da nossa diáspora, abrindo apenas duas seções eleitorais para 500 mil moldavos que vivem na Rússia. As autoridades moldavas os privaram da oportunidade de votar e expressar sua vontade confortavelmente", disse Yevgenia Gutsul sobre as condições de votos para os cidadãos gagaúzes residentes na Rússia.
"As autoridades violaram a Constituição da República da Moldávia, que afirma claramente que todo cidadão moldavo tem o direito de votar e ser eleito."
A política acrescentou que estava orgulhosa da resiliência de seu povo e de seu comprometimento em exercer seu direito de voto.
"Hoje, vi um vídeo de cidadãos da Gagaúzia que vivem em Kamchatka [território localizado no extremo leste russo]. Eles encontraram tempo e dinheiro para ir a Moscou e votar por mudanças em nosso país", disse Gutsul.
A Gagaúzia, onde a maioria das pessoas fala russo e gagauz — uma língua turca —, declarou independência da Moldávia soviética em 1990, mas foi integrada à recém-criada República da Moldávia em 1994. O povo gagauz é composto por cristãos ortodoxos de origem turca.
Tradicionalmente a Gagaúzia favoreceu a reaproximação com a Rússia, enquanto Chisinau definiu um curso em direção à integração europeia.
Eleições na Moldávia
Os moldavos estão votando no segundo turno para eleger seu presidente pelos próximos quatro anos. A atual presidente, Maia Sandu, e o ex-procurador-geral Aleksandr Stoyanoglo estão concorrendo ao cargo mais alto do país.
Sandu garantiu 42,45% dos votos no primeiro turno em 20 de outubro, enquanto Stoyanoglo ficou em segundo lugar com 25,98% dos votos.
Durante seu voto, neste domingo (3), Sandu afirmou que votou para salvar o "país, seu futuro, segurança e paz". "Nosso objetivo é criar um Estado eficaz que funcione para o povo", disse ao deixar a seção eleitoral.
Seu desafiante, Stoyanoglo disse que ele defendia mudanças na Moldávia.
"Votei hoje por mudanças em meu país, por uma Moldávia livre e próspera, onde todos os cidadãos sejam tratados com respeito, independentemente de sua língua, nacionalidade, idade ou religião. Votei por uma Moldávia que não implorará por ajuda, mas se desenvolverá por meio de bons relacionamentos com o Ocidente e o Oriente."
O ex-presidente moldavo e líder do Partido Socialista Igor Dodon disse que votou para encerrar o que ele descreveu como o "experimento de quatro anos de Sandu na Moldávia". Dodon perdeu para Sandu na corrida presidencial de 2020.
"Votei pela justiça, por um presidente que respeita nossa constituição e que acabará com o ódio e a xenofobia que infelizmente testemunhamos ultimamente. O experimento de quatro anos de 'bons tempos' falhou. Acredito que nós, cidadãos da República da Moldávia, não seremos capazes de sobreviver a mais quatro anos de tais experimentos. É por isso que eles precisam parar", disse Dodon aos repórteres.
O ex-primeiro-ministro moldavo Ion Chicu, que desafiou Sandu no primeiro turno da eleição, disse que votou pela mudança e contra a divisão social.
"Votei pela mudança. Pela transição de uma Europa declarada para uma Europa autêntica, onde as pessoas não são perseguidas e discriminadas apenas porque têm visões diferentes das do governo, onde as pessoas não enfrentam ameaças de morte por criticar as autoridades, onde as pessoas não são divididas em campos opostos porque o governo acha útil e onde a comitiva do presidente não deseja que você tenha câncer se não apoiar o presidente", escreveu Chicu no Telegram.
Já o líder do Partido do Futuro da Moldávia, Vasile Tarlev, que pediu aos seus eleitores que apoiassem Stoyanoglo após perder o primeiro turno, disse à Sputnik que votou por um futuro melhor para a Moldávia.
"Eu apoio todas as iniciativas que levam à estabilidade, entendimento mútuo e, claro, paz. Algumas pessoas esperam por desestabilização após a eleição, mas acho que elas falharão, não importa o resultado. O principal é que a eleição seja legal, silenciosa e pacífica. A voz do povo deve ser respeitada", disse Tarlev.