Panorama internacional

Inverno na Europa pode ser mais duro devido às interrupções de abastecimento de gás no mercado

Mais suscetível ao aumento de preços do gás após as sanções implementadas contra o fornecimento russo por conta do conflito ucraniano, Europa segue sob risco de enfrentar um inverno mais rigoroso com custos elevados e possível escassez.
Sputnik
Para além da volatilidade do mercado energético global, os mercados europeus devem enfrentar um sério risco de desabastecimento e preços altos depois de abrirem mão do gás confiável russo via gasodutos para o gás natural liquefeito (GNL) de diversos parceiros, dentre eles, os EUA — que lucraram desproporcionalmente se comparado com gastos que os antecederam quando a Rússia ainda era fornecedora preferencial da região.
A variação nos preços se deve, sobretudo, porque quando a demanda por GNL — que é uma commodity global — sobe, a competição faz com que os preços subam já que existe uma potencial escassez, uma vez que tal fornecimento é limitado, ou seja, leva quem pagar mais. Além disso, sem gasodutos, o GNL é transportado por navio especializado, o que encarece seu preço final.
De acordo com o Financial Times (FT), em 2021, o combustível super-resfriado representou apenas cerca de 20% do fornecimento geral de gás da Europa contra 34% registrados atualmente.
Ainda segundo a apuração, a disputa Europa-Ásia pelo combustível marítimo acaba se tornando mais intensa durante os meses frios, quando a demanda por aquecimento aumenta. Mas, apesar de os últimos dois invernos terem sido amenos, o mercado encara o inverno através de seus dados consolidados, ou seja, com projeções estatísticas de normalidade. Com o encerramento do contrato de fornecimento de gás russo via Ucrânia em dezembro, a União Europeia (UE) perde 5% de seu abastecimento de gás, o suficiente para impactar a procura em mercados alternativos.
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Outro fator que complica a vida energética europeia é que tendo em vista as dificuldades vividas pela Ucrânia pelo prolongamento do conflito, é bem provável que os países europeus tenham de exportar gás durante o inverno (Hemisfério Norte) ao país.

"Se de repente tivermos um inverno muito frio ao mesmo tempo em que perdemos os fluxos de gás russo, isso será muito otimista para os preços do gás", disse Florence Schmit, estrategista de energia do Rabobank ao FT. "E não acho que haverá grandes suprimentos alternativos por meio de [outros] gasodutos. Acho que a maior parte precisará ser substituída por GNL."

Devido a atrasos no início de novas instalações de exportação, o crescimento do fornecimento de GNL deve permanecer limitado neste inverno, restringindo a cesta de opções a que a Europa pode recorrer, mas, sobretudo, se um conflito em larga escala tomar palco no Oriente Médio, 20% do fornecimento do gás que passa pelo estreito de Ormuz estaria condenado.
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