Durante a cerimônia, também foi apresentado o documento final com várias sugestões para os três temas prioritários do Brasil na presidência do G20: reforma da governança global, combate à fome e à pobreza e enfrentamento das mudanças climáticas.
Além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), participaram do encontro o ministro das Relações Exteriores e Cooperação da África do Sul, Ronald Lamola, que representou o primeiro-ministro Cyril Ramaphosa, lideranças de movimentos sociais do Brasil e de outros países, além da primeira-dama Janja da Silva. Mais de 250 pessoas acompanharam o encerramento no Armazém 3 do Píer Mauá.
Em seu discurso, Lula enfatizou que o fórum do G20 Social "não pode parar por aqui", e que esse momento propicia só o início "de uma luta que vocês terão que dar sequência durante 365 dias do ano".
Lula enfatizou que o mundo gastou mais de US$ 2,4 trilhões (R$ 13,9 trilhões) neste ano com armamentos, enquanto praticamente nada foi destinado para acabar com a fome no planeta. Para enfrentar o problema, o Brasil tenta viabilizar a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, entidade que vai receber recursos dos países para criar políticas públicas nas regiões mais afetadas.
"A presidência brasileira não teria avançado nas três prioridades que escolheu se não fosse a participação da sociedade. A mobilização de vocês será essencial para garantir a atuação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza", acrescentou o presidente brasileiro.
Reforma do Conselho de Segurança da ONU
Reivindicação de décadas do Brasil, a reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) é outra discussão trazida pelo Brasil ao G20. Desde a criação, o grupo conta com cinco membros permanentes: China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos.
"Precisamos dar importância ao Conselho de Segurança da ONU. Hoje as Nações Unidas contam com 196 países. E onde está a África, a América Latina e a maior parte da Ásia (no principal órgão da entidade)? Onde estão esses países para também participarem das decisões coletivas?", questionou Lula.
O presidente brasileiro também ressaltou o legado construído pelo G20 Social, mas disse "que ainda há muito a fazer".
"Os governos precisam romper a dissonância cada vez maior entre a voz dos mercados e a voz das ruas. O G20 precisa discutir medidas para promover jornadas de trabalho mais equilibradas. Preservar a democracia para que o extremismo não gere impactos. Vou levar as recomendações da declaração aos demais líderes do G20 e trabalhar com a África do Sul para que sejam consideradas na cúpula. É o começo de uma nova etapa que vai exigir um trabalho contínuo", declarou Lula.
Por fim, o petista lembrou que no próximo ano o Brasil também vai receber outros dois grandes eventos internacionais da geopolítica: a cúpula do BRICS, ainda sem sede definida, e a COP 30, que vai acontecer em Belém, no Pará.
Prêmio Nobel da Paz fala sobre crise no Oriente Médio
Já a jornalista iemenita Tawakkol Karman, vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 2011, também falou durante o encerramento do G20 Social sobre a crise na Faixa de Gaza, no Líbano e em partes da África que vivem conflitos civis. Durante a fala, Karman ressaltou que a equidade econômica é a chave para um mundo melhor.
A coordenadora nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais (MST), Ceres Hadich, também condenou o silêncio internacional sobre a guerra promovida por Israel há mais de um ano na Faixa de Gaza, a qual classificou como genocídio diante das mais de 43 mil mortes.
Ao defender a reforma da governança global, Hadich ainda falou sobre o bloqueio econômico promovido pelos Estados Unidos contra Cuba há mais de 50 anos, cujos efeitos são devastadores entre a população.
Ainda discursou no evento o ministro sul-africano das Relações Internacionais e Cooperação, Ronald Lamola, que sublinhou a importância das discussões trazidas pelo evento, que também será realizado durante a presidência sul-africana do G20 em 2025.