Para Arce, a chave para a resolução de conflitos como o da Ucrânia está no diálogo, e não em mais armamentos, como querem os EUA. "A situação entre a Rússia e a Ucrânia é delicada, e sempre lamentaremos qualquer chamado ao uso de mísseis ou armas letais contra qualquer povo. Acreditamos que a melhor solução não é enviar mais foguetes, mas enviar mais pacifistas e negociadores para resolver os problemas sem necessidade de armas de fogo", disse.
O presidente boliviano lembrou ainda que a própria Constituição estabelece a Bolívia como um país pacifista e, diante disso, sempre busca o "diálogo para resolver os conflitos".
"O pior que podemos fazer é jogar gasolina ou petróleo, como quiserem chamar, no fogo", acrescentou.
Arce destacou também que é a primeira vez que o país participa de uma reunião do G20, o que traz a oportunidade de mostrar o que La Paz defende em relação a todos esses desafios globais.
"Ouvimos várias intervenções, incluindo sobre o imposto sobre grandes fortunas, que a Bolívia implementou em 2021. Fomos, inclusive, com a proposta em nossa campanha eleitoral de 2020 de aplicar o imposto sobre grandes fortunas não apenas como uma medida de arrecadação, mas como algo fundamental. Nosso modelo econômico-social e produtivo é um modelo de redistribuição de renda, que busca melhorar as desigualdades. Somos um país que, aplicando nosso próprio modelo, onde o Estado tem um papel central na economia, está buscando reduzir as desigualdades e melhorar a distribuição de renda, como o imposto sobre grandes fortunas", defendeu.
Intervenção do Estado para reduzir as desigualdades
O líder boliviano pontuou que a intervenção do Estado no país foi responsável por reduzir a pobreza e as desigualdades, além de melhorar a distribuição de renda. "Portanto, estamos completamente de acordo com essas medidas que buscam maior igualdade entre as pessoas. O sistema capitalista, quando aplicado de forma plena, tem como característica a concentração de renda nas mãos de poucos. Isso é uma das patologias do sistema, que só pode ser corrigida com a intervenção do Estado. Não há outra alternativa para corrigir esses defeitos".
Por fim, Arce destacou o avanço do país na produção de energia limpa e lembrou que antes a região só contava com usinas termelétricas, mais poluentes.
"No entanto, acreditamos que o que conseguimos até agora ainda é insuficiente. A Bolívia tem grande capacidade de gerar energia limpa e ser mais amigável com o meio ambiente, mas enfrentamos uma questão de tecnologia. A tecnologia para produzir energia limpa no mundo continua sendo muito cara para os países do sul. Por isso, um dos programas que os países desenvolvidos podem implementar seria vender-nos essa tecnologia, pois não queremos que nos deem de graça, mas gostaríamos que fosse transmitida a preços acessíveis, para que possamos gerar energia sem continuar poluindo o meio ambiente".