Após o início de uma escavação nos jardins da Catedral de Leicester para a futura construção de um centro de aprendizagem patrimonial, a equipe de arqueólogos, liderada por Mathew Morris, diretor de projetos em Serviços Arqueológicos da Universidade de Leicester, descobriu uma das maiores valas de sepultamento em massa no Reino Unido.
A suspeita inicial era de que se tratava de um espaço reservado ao sepultamento de 123 pessoas vítimas da Peste Negra, no século XII, mas a datação por radiocarbono revelou que os túmulos são anteriores à doença em cerca de 150 anos.
Ainda não está claro para os pesquisadores o que teria motivado a criação da vala comum, que deve ter sido preenchida rapidamente em três depósitos sucessivos, sem sinais de qualquer violência. Especula-se, no entanto, que a fome ou alguma doença possa ter sido a razão por trás do incidente.
Em entrevista publicada pelo The Guardian, Morris destacou que os 123 indivíduos — que representavam 5% da população medieval de Leicester — parecem ter sido trazidos por carroças até o fosso em um curto espaço de tempo.
Grande vala funerária do século XII é descoberta na Catedral de Leicester
Segundo o pesquisador, as Crônicas Anglo-Saxônicas narram grandes pestilências e febres, um índice de mortalidade severo com mortes miseráveis, muitas das quais por fome e inanição na Inglaterra de meados do século X até meados do século XII. A descoberta do sepultamento, que se encaixa perfeitamente no período descrito, parece ser uma prova material do que acontecia no país.
O Instituto Francis Crick em Londres recebeu mostras do achado para localizar possíveis patógenos responsáveis pela tragédia, mas, em princípio, a ausência de roupas já indica que os corpos foram preparados conscientemente, aludindo aos costumes de sepultamento da época em casos emergenciais.