Eleitores uruguaios decidem neste domingo (24) quem será o próximo presidente do país, em uma eleição acirrada entre Yamandú Orsi, que concorre pelo partido de oposição Frente Ampla (centro-esquerda), com apoio de José Mujica, e Álvaro Delgado, do governista Partido Nacional (centro-direita).
Ex-professor de história, Orsi teve um desempenho superior no primeiro turno, realizado em 27 de outubro, quando conquistou 46,1% dos votos contra 28,2% de Delgado. Ademais, ele tem o apoio do ex-presidente José Mujica, de quem é considerado herdeiro político.
Já Delgado é veterinário, atuou como secretário da presidência no governo e tem apoio do atual presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, que não concorrerá, pois as leis do país não permitem a reeleição.
Orsi votou no final da manhã, em sua cidade natal, Canelones. Ao falar com jornalistas, ele foi questionado sobre um recente encontro entre Lacalle Pou e Delgado, e afirmou não considerar que o episódio vai influenciar nas eleições porque "ninguém está confuso". "A inteligência do povo está sendo um pouco subestimada", afirmou.
Delgado votou no início da tarde, na capital Montevidéu, e em coletiva a jornalistas disse que pretende governar para todos os uruguaios.
"Amanhã quero ser o presidente de todos os uruguaios, dos que votaram em mim e dos que não votaram", afirmou.
Apesar do desempenho de Orsi no primeiro turno, pesquisas recentes apontaram empate técnico, indicando que não há favorito ao pleito e que a disputa será voto a voto.
Na última quinta-feira (21), a consultora Equipos divulgou sua última pesquisa, na qual Orsi teria 48% dos votos e Delgado 46,2%, com 5,8% de brancos e nulos. No mesmo dia, a Factum apresentou suas projeções: Orsi com 47,1% e Delgado com 46,6%. Ambas apontam empate técnico.
Mujica e Lacalle Pou votaram pela manhã, segundo noticiou a edição uruguaia do jornal El País. Após votar, Mujica concedeu entrevista a jornalistas, na qual disse que "a política não é mais capaz de construir esperanças".
Questionado sobre o futuro, Mujica, que tem 89 anos e enfrenta um câncer no esôfago, foi sarcástico.
"O meu futuro mais próximo é o cemitério, mas estou interessado no destino de vocês, dos jovens que, quando tiverem a minha idade, vão viver em um mundo muito diferente", afirmou.
Lacalle Pou também falou com jornalistas após votar e disse que "o momento é especial para o país".
"A partir desta noite o Uruguai tem um presidente eleito e começa a haver uma transição e naturalmente começa a partilhar as decisões que surgem", disse o presidente uruguaio.
O Uruguai tem uma população de 3,4 milhões, com 2,7 milhões aptos a votar. A expectativa é que o nome do candidato eleito seja conhecido na noite deste domingo.