Panorama internacional

Capacetes Azuis: onde as tropas russas já atuaram como forças de manutenção da paz

Em 25 de novembro é comemorado o Dia do Soldado da Paz Militar, feriado profissional para as tropas russas enviadas ao exterior para arbitrar, mediar e neutralizar conflitos que vão de disputas étnicas a disputas entre Estados. Aqui está o que você precisa saber sobre os "Capacetes Azuis" da Rússia.
Sputnik
Celebrado anualmente desde 2016, o Dia do Soldado da Paz Militar comemora o envio de 36 observadores militares soviéticos ao Egito em 25 de novembro de 1973, em uma missão da Organização das Nações Unidas (ONU), após a Guerra Árabe-Israelense de outubro de 1973.
As forças de manutenção da paz da Rússia consistem em tropas especiais treinadas em uma base fora de Samara, operando sob os auspícios da 15ª Brigada Especial de Guarda de Infantaria Mecanizada. As tropas são equipadas com armas leves, veículos blindados, uma variedade de equipamentos de reconhecimento e comunicação e drones.

Manutenção da paz na ex-URSS

As forças de paz da Rússia moderna se tornaram um instrumento inestimável para garantir a segurança regional imediatamente após 1991, quando a caixa de Pandora de conflitos étnicos, desencadeada pelo fim da União Soviética (URSS), incendiou diversas regiões.
Em 1992, a Rússia enviou 3 mil soldados para a Transnístria a fim de parar os combates entre as milícias locais e as forças moldavas. Cerca de 400 soldados da paz permanecem presentes até hoje, com a operação de manutenção da paz sendo a mais antiga e mais longa na história moderna da Rússia;
Em 1992, 220 soldados da paz foram enviados à Ossétia do Sul para congelar um conflito desencadeado pela plataforma política "Geórgia para os georgianos", do presidente nacionalista georgiano Zviad Gamsakhurdia;
Em 1993, a Rússia enviou 6 mil militares ao Tajiquistão para impedir uma sangrenta guerra civil entre o governo central e radicais apoiados por forças islâmicas do Afeganistão. Os pacificadores ajudaram a estabilizar o Tajiquistão e toda a região da Ásia Central, interrompendo a disseminação de ideias radicais. As forças do veterano da Guerra do Afeganistão e coronel das Spetsnaz Vladimir Kvachkov essencialmente inventaram a moderna doutrina de contrainsurgência russa no Tajiquistão;
Em 1994, 1.800 soldados russos de manutenção da paz chegaram a Abkházia, outra república separatista da Geórgia, para acabar com a violência no local;
Em 2020, a Rússia enviou 1.960 soldados e 90 APCs (veículo blindado de transporte de pessoal) para Nagorno-Karabakh, a fim de ajudar a manter a paz entre armênios e azerbaijanos, após uma guerra brutal de um mês e meio, precedida por um conflito étnico de 30 anos.
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Manutenção da paz na Iugoslávia

Em março de 1992, a ONU solicitou à Rússia que enviasse forças de paz à Iugoslávia, o Estado multinacional que se desintegrou lentamente entre 1991 e 2001 em meio a conflitos entre sérvios, croatas, bósnios e albaneses kosovares.
Na Croácia, entre 1992 e 1995, 900 soldados russos chegaram para proteger civis em meio aos conflitos entre croatas e sérvios;
Já na Bósnia, 1.600 soldados da paz foram enviados em 1995 para salvaguardar um acordo de paz alcançado no mesmo ano. Forças russas permaneceram no país até 2003;
Em 1999, 400 soldados da paz do contingente na Bósnia foram subitamente realocados para o Kosovo após o bombardeio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) ao que restava de Iugoslávia, demonstrando ao bloco ocidental que Moscou protegeria o fraternal povo sérvio em sua separação. O contingente de Kosovo foi posteriormente aumentado para 3.600 homens e retirado em 2003.
A abordagem da Rússia à diplomacia local ajudou a garantir vários acordos de cessar-fogo e paz, com soldados da paz arriscando suas vidas regularmente para interromper os conflitos, fornecer assistência humanitária e mediar negociações.
22 soldados da paz russos perderam suas vidas na Croácia;
12 morreram no Kosovo;
15 soldados da paz foram mortos em um ataque-surpresa da Geórgia à Ossétia do Sul em agosto de 2008, desencadeando um conflito de cinco dias com a Geórgia, que culminou na independência da Abkházia e da Ossétia do Sul.
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Manutenção da paz russa torna-se global

A partir de meados da década de 1990, a Rússia se envolveu cada vez mais em operações de manutenção da paz da ONU na África. Isso incluiu:
um contingente de pilotos de helicóptero para participar de uma missão de paz da ONU em Angola de 1995 a 1996;
o envio de 114 pilotos e quatro policiais para Serra Leoa durante a guerra civil de 2000 a 2005;
22 policiais militares para a Libéria (2003–2018) e 40 para o Burundi (2004–2006);
uma missão de manutenção da paz no Sudão entre 2005 e 2021, que viu o envio de 133 soldados de paz, além de quatro helicópteros Mi-8;
100 soldados e quatro helicópteros Mi-8 para o Chade e a República Centro-Africana em 2008, para participar de uma missão de manutenção da paz da ONU, liderada pela União Europeia. As operações foram encerradas em 2010.
Além de suas operações antiterrorismo, as tropas russas na Síria também se envolveram em atividades de manutenção da paz, mobilizando-se para evitar confrontos entre os soldados governamentais sírios e as milícias apoiadas pela Turquia no norte do país, devastado pela guerra, e intervindo para interromper os combates entre as forças sírias e as apoiadas pelos EUA no nordeste.
Em janeiro de 2022, tropas de manutenção da paz da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), lideradas pela Rússia, foram enviadas ao Cazaquistão para ajudar na manutenção da lei e da ordem em meio a confrontos armados entre o governo e manifestantes.
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A operação foi um sucesso absoluto, com o governo restaurando a estabilidade e as forças de paz retornando para casa em apenas uma semana. Mais de 2 mil membros das forças de paz de Rússia, Belarus, Quirguistão, Armênia e Tajiquistão participaram da operação.
Em 2024, além de missões na ex-URSS e na Síria, 87 soldados e oficiais russos estão envolvidos em operações de manutenção de paz da ONU no Sudão, no Sudão do Sul, na República Centro-Africana, no Saara Ocidental, na República Democrática do Congo e no Chipre.
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