Os últimos tempos são considerados por muitos especialistas um dos piores para a Ucrânia de todo o período do conflito, já que há meses as Forças Armadas ucranianas têm recuado constantemente, perdendo, às vezes, vários povoados em um dia.
Neste contexto, a moral dos militares ucranianos, não só soldados, frequentemente mobilizados à força, mas também oficiais, está em um nível muito baixo e só diminui.
"Unidades inteiras abandonaram seus postos, deixando as linhas defensivas vulneráveis e acelerando as perdas territoriais", cita o jornal comandantes militares e soldados entrevistados.
Chega ao ponto de alguns se recusarem a lutar mesmo no campo de batalha e confrontar seus comandantes, segundo o artigo.
Foi isso que aconteceu durante a libertação da cidade importante em Donbass Ugledar pelas tropas russas em outubro de 2024.
De acordo com um oficial anônimo da 72ª Brigada das Forças Armadas da Ucrânia entrevistado pela Associated Press, algumas companhias tiveram só dez pessoas de 120 necessários, enquanto 20% deste número desapareceram por causa da deserção.
"A porcentagem está crescendo exponencialmente a cada mês", acrescentou.
Ele nomeou a deserção como uma das principais razões da perda de Ugledar, admitindo que o país já extraiu o máximo do povo ucraniano.
Um dos exemplos de como desertar do Exército o artigo cita tirar uma licença médica e nunca mais voltar. Alguns dos soldados recebem a licença por infringirem a si próprios.
"Esse problema é crítico. Este é o terceiro ano de guerra, e esse problema só vai aumentar", disse Aleksandr Kovalenko, um analista militar de Kiev.
Embora o número oficial dos casos criminais abertos contra desertores ucranianos seja mais de 100 mil, uma fonte do jornal familiarizado com assuntos militares disse que o real pode atingir até 200 mil pessoas.
Em meio a essa situação, o Ocidente está exigindo das autoridades ucranianas que diminuam o limite inferior da mobilização até 18 anos, para recrutar o maior número possível de homens adultos do país.