O avanço da automação do setor industrial, com o uso de robôs, é um processo inevitável e necessário devido a uma série de fatores. É o que afirmou o professor da Academia Russa de Ciências (RAN) Ivan Ermolov, em entrevista ao portal Nauchnaya Rossiya (Rússia Científica, em tradução livre). Ermolov afirma que, apesar do rápido desenvolvimento da indústria, faltam trabalhadores qualificados.
Segundo Ermolov, que também é secretário científico do Conselho Científico de Robótica e Mecatrônica da RAN, os robôs industriais ajudam a manter níveis de qualidade estáveis durante a produção, o que explica por que praticamente todas as fábricas de automóveis utilizam robôs em todos os processos de fabricação, exceto aqueles que só podem ser realizados por trabalho manual.
Ele acrescenta que essas máquinas contribuem para aumentar drasticamente a produtividade.
"Assim, uma máquina de embalar salsichas em um frigorífico pode embalar entre 10 e 12 embalagens de salsichas por minuto, enquanto os humanos geralmente não conseguem embalar mais que três", diz Ermolov.
O professor explica que os robôs também podem contribuir para resolver a falta de trabalhadores humanos qualificados em certos casos.
"Vemos que a nossa indústria está em franca expansão, mas há uma grave carência de trabalhadores qualificados, porque a formação de um número suficiente desses especialistas tem sido negligenciada há muito tempo. A robótica pode ajudar a resolver esse gargalo sem recorrer à importação de profissionais estrangeiros", enfatiza Ermolov.
Contudo, ele alerta que a introdução da robótica exigirá a reestruturação das linhas de produção, e recomenda que não se repitam os erros do passado, quando se tentou robotizar processos de fabricação destinados ao trabalho manual, que previsivelmente terminaram em fracasso. Da mesma forma, Ermolov destaca que essa necessidade de reestruturação da produção é um fator psicológico e econômico que dificulta a implementação da robótica na indústria.
"Em relação à robotização na Rússia, as sanções continuam a ser um problema para a implementação na indústria, uma vez que a produção nacional de robôs no país euro-asiático é relativamente pequena. Contudo, para a Rússia existem outros mercados, que expressam o desejo de cooperar, especialmente o mercado chinês", salienta Ermolov.
"Ao mesmo tempo, precisamos de uma estratégia coordenada: é importante perceber em que indústrias e para que fins precisamos de robôs", acrescenta.
Ele sugere que a Rússia deveria utilizar meios econômicos e administrativos para estimular o desenvolvimento de robôs e a sua introdução em processos industriais.
Ermolov também mencionou os atuais projetos de robótica do Instituto de Robótica da Academia Russa de Ciências, referindo-se ao desenvolvimento de robôs de movimento vertical.
"Serão especialmente procurados para trabalhar debaixo d'água, por exemplo, para limpar grandes embarcações marítimas, e para extinguir incêndios em edifícios altos, dentre inúmeras outras aplicações", afirma.