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Robô no divã: o ChatGPT já esgotou suas possibilidades?

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Conceito de inteligência artificial (imagem referencial) - Sputnik Brasil, 1920, 16.07.2024
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Divulgado pelo banco de investimentos Goldman Sachs, um relatório sobre as limitações das inteligências artificiais (IAs) generativas foi visto como um balde de água fria por entusiastas da tecnologia. Recém-lançado, teria o ChatGPT, maior expoente dessas ferramentas, atingido o seu limite?
Segundo especialistas entrevistados pela firma de investimentos, os usos atuais das IAs generativas estão reduzidos à automação de processos. Nesse sentido, podem acelerar a quantidade de processos realizados, mas não irão necessariamente melhorá-los. Além disso, implicam grandes custos que nem sempre justificam seu uso.
"Portanto, a questão crucial é: que problema de US$ 1 trilhão a IA resolverá?", questiona Jim Covello, chefe de pesquisa de ações globais do Goldman Sachs.

"Substituir empregos de baixos salários por tecnologias extremamente caras é basicamente o oposto das transições tecnológicas anteriores."

Entrevistado pela Sputnik Brasil, Claudio Miceli, professor do Programa de Engenharia e Sistemas de Computação (PESC) do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirmou que o documento não é um balde de água fria, mas "uma constatação da realidade".
Inteligência artificial (imagem de referência) - Sputnik Brasil, 1920, 06.06.2024
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Na vida, na mentira e na guerra, a inteligência artificial veio para ficar, afirmam analistas

O que é uma IA generativa?

As aplicações da inteligência artificial são extremamente variadas, estando presentes na robótica, visão de máquina, análise de dados, entre outros.
Nos últimos anos, no entanto, uma área ganhou grande destaque, a de aprendizado de máquina (machine learning), em especial a que utiliza técnicas de aprendizado profundo (deep learning) para gerar conteúdo automatizado. Essa é a IA generativa, explica Miceli.

"Eles são, na prática, geradores de conteúdo automatizado com base em elementos treinados antes."

É o caso do ChatGPT e de outras ferramentas, como o Claude, Gemini, Copilot, que geram desde textos mais específicos a imagens e códigos de programação. Esses programas, diz Miceli, geram resultados de forma probabilística conforme os dados pelos quais foram treinados e que "fazem sentido dentro daquelas instruções".

Qual o limite da IA?

A tecnologia hoje esbarra em uma clara limitação, aponta Miceli, que não é o poder computacional, mas o uso que estamos fazendo dessas inteligências. "Nesse momento temos usado a IA mais como Robotic Process Automation (RPA) [automação robótica de processos, em tradução livre], do que propriamente como um grande disruptor".

"A gente confunde tornar algo informatizado com melhoria de processo", declara Miceli.

"E isso é um caso que vimos durante a pandemia, quando descobrimos que podíamos ficar em casa e nossa produtividade não caía. O problema não era exatamente estar remoto ou presencial. É que o nosso processo era ruim."
A situação atual do uso das IAs é semelhante à Internet do começo dos anos 2000, afirma o especialista. "Ainda não tínhamos noção do que viria a ser hoje, uma coisa onipresente na nossa vida."
O que tornou a Internet mais proeminente no cotidiano foi o surgimento dos smartphones e, para o professor, uma inovação que mudará radicalmente nosso uso da IA ainda surgirá.

"Queremos fazer as coisas da mesma forma, e a inteligência artificial não substitui a gente para isso."

Nesse sentido, ao apontar que o documento do Goldman Sachs é uma constatação da realidade, Miceli embute uma característica momentânea nas declarações: a perspectiva para o uso futuro da IA é promissora.
As IAs generativas, e a IA de forma geral, é "um componente extremamente importante" para a quarta revolução industrial, sublinha.

"Teremos o uso de IAs generativas em dispositivos de Internet das coisas, que é um dos caminhos da próxima década. Uma das opções que teremos será a coleta de dados em tempo real de qualquer ambiente, sobre qualquer coisa, e usar uma IA generativa para trabalhar essa informação."

Há estimativa, lembra o professor da UFRJ, que até a próxima década o tráfego de dados na Internet será "mais gerado por dispositivos do que seres humanos". "Isso por si só é uma outra disrupção que vai alimentar esses elementos da IA generativa."
Um exemplo de como vai funcionar é a partir da coleta de dados de sistemas inteiros, como dados da saúde de usuários, com o uso de marca-passos e smartwatches, e a elaboração de políticas públicas de acordo. Ou, ainda, a possibilidade de "mudar o trânsito da cidade em tempo real para melhorar o tráfego."

"Essas são questões muito interessantes, são desenvolvimentos que estão acontecendo em tempo real."

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