A elaboração de uma política para a mineração do urânio e produção de pequenos reatores nucleares estão entre as prioridades da pasta.
Em nota, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que o Brasil tem potencial para alcançar a terceira maior reserva de urânio no mundo e que a expertise russa no tema pode ajudar no conhecimento do potencial mineral brasileiro.
"Os pequenos reatores nucleares podem reduzir o custo com transmissão de energia elétrica e aumentar a segurança do atendimento em regiões com sistemas isolados. Para isso, é preciso acelerar a cadeia de mineração de urânio, desde a pesquisa, lavra e concentração, até o desenvolvimento da cadeia energética com a produção de combustível nuclear", explicou Silveira.
Durante a reunião com a Rosatom, foi construído um cronograma de trabalho junto à empresa. A expectativa é de que, até o final de 2025, o grupo de trabalho chegue a um acordo final para a cooperação na área nuclear.
"Contamos com a experiência da Rosatom para uma cooperação positiva e equilibrada entre as empresas brasileiras e russas. Que nosso objetivo conjunto gere crescimento tecnológico robusto e seguro", disse o ministro.
De acordo com a delegação do país europeu, há potencial de 1,1 Gigawatt (GW) de geração nuclear no Brasil até 2035, sendo 0,6 GW na modalidade onshore, com 12 reatores, e 0,5 GW offshore, com dez reatores.
Atualmente, o Brasil possui a sétima maior reserva de urânio no mundo, apesar de conhecer apenas 26% do seu subsolo, de acordo com Silveira:
"Estamos dando início ao novo processo de estruturação da energia nuclear brasileira, uma energia firme e com baixo impacto ambiental. O presidente Lula está liderando, com firmeza, o renascimento da energia limpa no Brasil. A política pública de urânio do Brasil fará o mesmo com a energia nuclear, de forma responsável, segura, sustentável e benéfica para o povo brasileiro."
Em novembro, a estatal russa firmou com a empresa brasileira Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. (Nuclep) um acordo de confidencialidade para explorar soluções para a geração de energia offshore usando tecnologias nucleares.
Haveria ainda a possibilidade de financiamento por parte da Rosatom, segundo fontes da Sputnik na Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN).
Além da Rússia, o governo brasileiro está tendo conversas sobre a energia nuclear com os Estados Unidos, a Austrália e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Atualmente existem cerca de 60 reatores nucleares em construção no mundo, além de vários em planejamento. Além disso, na COP28, em Dubai, 22 países se comprometeram a triplicar a geração nuclear até 2050.
As Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que detêm o monopólio da exploração de urânio no país, iniciaram a exploração de urânio em dezembro de 2020 na Mina do Engenho, na Bahia.
Em Santa Quitéria, Minas Gerais, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ainda precisa autorizar a exploração da maior reserva de urânio do país. De acordo com o governo, o projeto tem potencial estimado de produção de 2 mil toneladas de urânio por ano.