"A curva até anteontem e ontem estava numa tendência de ter vários aumentos no ano que vem, levando os juros próximos de 15,75% […] aparentemente, o Banco Central decidiu fazer um impacto mais profundo de curto prazo para poder reduzir o longo prazo."
"[…] o Congresso tem feito bastante chantagem com o Executivo, e acho que o Banco Central, na função de independência dele, também deu uma sinalização para o Congresso, dizendo: 'A situação está muito ruim, tive que subir juros' […] Acho que já mostra o risco que o Brasil está tendo, do ponto de vista de descontrole inflacionário, de gastos, de estouro das metas", disse ele.
"Os impactos da taxa de juros, que é a consequência direta daquilo que o Banco Central tem responsabilidade, fazem com que as dívidas se tornem mais caras e dificultam um pouco o chamado financiamento de forma geral de bens e produtos e, até mesmo, da área imobiliária", explicou ao lembrar que, para estipular a taxa, o comitê leva em consideração diferentes elementos da economia, como a inflação, as contas públicas, a atividade econômica e o cenário externo.
Balanço da atuação do Banco Central em 2024
"A pressão de gastos, o desequilíbrio fiscal, acabam pressionando a atuação do Banco Central. Nesse sentido, o Banco Central é um ator que é coadjuvante daquilo que o ator principal, que é o governo, faz na economia", disse Braga. "O conjunto da macroeconomia indica que o país está com PIB [produto interno bruto] crescendo, gerando emprego no menor desemprego da série histórica, mas ainda com o câmbio e as dúvidas sobre o equilíbrio fiscal no radar", disse Braga.
Expectativa para 2025
"Sinalizando e interferindo na variação do mercado de que metade daquilo que se pretende economizar com o pacote de contenção de despesas públicas será corroído por essa questão do alívio na tabela do imposto de renda para os que recebem até R$ 5 mil."
"Acho que a equipe econômica está fazendo o papel dela, dada toda a restrição que o Lula cria", comentou ao defender que o governo precisa ser mais rígido no corte de gastos para evitar um cenário ruim em 2025. "Se a despesa não for contida e tiver essa briga entre Executivo e Legislativo, provavelmente você vai ter uma piora no dólar, esse impacto de inflação, tendo perda de renda."