O uruguaio Luis Almagro deixará a secretaria-geral da OEA em maio de 2025, após uma década à frente da organização. Com isso, os países da região já começam a buscar consensos para a escolha de seu sucessor, marcada para 10 de março.
A importância da eleição foi destaque no último encontro entre os presidentes do México, Claudia Sheinbaum, e da Colômbia, Gustavo Petro. Ambos concordaram em impulsionar uma candidatura conjunta com uma "visão distinta da atual". Durante coletiva de imprensa, Sheinbaum mencionou a intenção de que o cargo seja ocupado por uma mulher, algo inédito na história da OEA.
Candidaturas definidas: Paraguai e Caribe
Apesar da articulação de México e Colômbia, duas candidaturas já estão em jogo. O chanceler de Suriname, Albert Ramdin, que foi secretário-geral adjunto da OEA entre 2005 e 2015, é o nome apoiado pelos países do Caribe. Já o Paraguai apresentou o chanceler Rubén Ramírez Lezcano, cuja candidatura é impulsionada pelo presidente Santiago Peña.
Segundo Mario Paz Castaing, Peña está investindo no contexto político regional favorável a centro-direita e na "diplomacia presidencial" para fortalecer a candidatura paraguaia. Um exemplo foi a recente eleição do jurista paraguaio Diego Moreno como juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos, considerada um avanço diplomático para o país.
Apoios estratégicos: Lula e Trump
Peña teria aproveitado a boa relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para garantir o voto do Brasil. Além disso, o chanceler paraguaio também conta com o apoio dos países do Mercosul, incluindo a Argentina, que manifestou publicamente seu respaldo.
Entretanto, o país vê no apoio de Donald Trump um trunfo decisivo. Após a vitória do republicano nas eleições presidenciais norte-americanas, Ramírez Lezcano intensificou esforços, inclusive reunindo-se com Trump em Mar-a-Lago.
Além disso, Peña busca estreitar relações com Marco Rubio, futuro secretário de Estado, e Christopher Landau, indicado como subsecretário de Estado, que possui vínculos familiares com o Paraguai.
O desafio do Caribe
Apesar dos avanços do Paraguai, a candidatura de Ramdin é forte, contando com os 14 votos dos países caribenhos, que têm peso significativo na OEA devido à estrutura de "um país, um voto". Paz Castaing ressaltou que o Paraguai precisará assegurar mais de 17 votos para evitar uma derrota apertada.
Com dificuldades para conquistar o apoio de México e Colômbia, o Paraguai enfrenta uma disputa acirrada pela liderança da OEA.