Na medida em que a Ucrânia se aproxima de um ponto sem retorno em sua guerra por procuração da OTAN contra a Rússia, com a tomada de posse de Donald Trump no dia 20 de janeiro à Casa Branca, uma das frustrações em Kiev tem sido a hesitação em Berlim de fornecer mísseis de cruzeiro Taurus de longo alcance.
A Alemanha, que já foi uma aliada importante para a Ucrânia, tem se mostrado um ponto de resistência às aspirações de Zelensky que deseja obter todo tipo de armamento para atacar a Rússia em profundidade, escalando o conflito. No entanto, o chanceler Olaf Scholz parece compreender as implicações desse gesto.
"Eu sempre disse a [Vladimir] Zelensky que ele deveria parar de criticar Olaf Scholz, porque acho isso injusto", disse Rutte em uma entrevista citada pela DPA nesta segunda-feira (23).
Mesmo tendo adotado uma postura diferente à de Scholz no que tange os mísseis de cruzeiro Taurus, uma vez que o líder da Aliança Atlântica acredita que seu fornecimento sem limites à Ucrânia representaria um ganho estratégico no conflito, Rutte discorda que a liderança alemã tivesse de ser criticada já que tais decisões são unilaterais e aumentar o tom poderia resultar em uma resposta ainda mais crítica.
"Em geral, sabemos que tais capacidades são muito importantes para a Ucrânia", disse Rutte segundo a Reuters, acrescentando não ter qualquer ingerência sobre as entregas aliadas.
Zelensky subiu o tom das críticas a Olaf Scholz após um telefonema do líder alemão com o líder russo Vladimir Putin em novembro, dizendo que o gesto teria "aberto uma caixa de Pandora" que minou os esforços para isolar o líder russo e encerrar a guerra na Ucrânia com uma "paz justa". Esquece a liderança ucraniana que quando o conflito acabar, normalmente em uma mesa de negociações, Berlim pode querer restabelecer laços econômicos com a Rússia e ampliar o fornecimento de energia.