Segundo uma análise divulgada pelo Financial Times (FT), as 15 principais contratantes de defesa devem registrar fluxo de caixa livre de cerca de US$ 50 bilhões (cerca de R$ 309,7 bilhões) em 2026, como resultado da intensificação dos conflitos globais.
De acordo com a apuração, o valor dos negócios de capital de risco no setor de defesa aumentou 18 vezes nos últimos dez anos impulsionado pela convergência tecnológica entre o setor comercial e o de defesa. Mas, apesar de questões éticas que antes eram levantadas por diversos governos na Europa, os investimentos e aplicações tecnológicas ganharam um novo fôlego com a guerra por procuração da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) contra a Rússia na Ucrânia.
Dentre os acordos corporativos mais recentes estão a aquisição da Ball Aerospace pela BAE System, uma fornecedora de sistemas espaciais, sediada nos EUA, por US$ 5,6 bilhões (mais de R$ 34,6 bilhões), que foi anunciada em 2023.
Ouvido pelo FT, o analista da Vertical Research Partners, Robert Stallard, acredita que enquanto os EUA continuam com sua consolidada visão de "vale tudo" para a indústria de defesa, na Europa "deve haver consolidação, fusões e aquisições, mas fazer os governos concordarem é outra coisa completamente diferente".
Para o analista, a Europa pensa na manutenção de sua capacidade soberana no setor, valorizando as joint ventures e parcerias em lugar de grandes aquisições, o que deve impossibilitar tais movimentações no mercado europeu.
Mas o legado de 2024 para o setor de defesa foi, sem dúvida, a necessidade de modernização, uma oportunidade para o capital privado poder desempenhar um papel maior, preenchendo as lacunas de financiamento deixadas pelos Estados que tiveram de combater a inflação e contornar as crises políticas, garantindo taxas de juros e remodelando suas cadeias de produção ao longo do ano.