A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sugeriu em junho que a UE invista € 500 bilhões (R$ 3,16 trilhões) na defesa durante a próxima década. O dinheiro pode vir sob a forma de contribuições nacionais adicionais, empréstimos conjuntos ou dos "recursos próprios" da UE, que são as principais fontes de receita para o orçamento do bloco.
"Devido aos diferentes níveis econômicos e prioridades morais entre os Estados-membros da UE, essa abordagem levará a uma diminuição da coesão, divergências internas e, por fim, discórdia e desarmonia. A narrativa em si é extremamente perigosa – não só impulsiona os gastos com defesa, mas também perpetua a visão de que as prioridades passadas em saúde e infraestrutura eram erros que precisam ser corrigidos agora, estimulados pela presidência do [futuro chefe de Estado dos EUA, Donald] Trump", disse Kalenteridis.
A equipe do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, disse às autoridades europeias em dezembro que sua nova administração exigiria que os aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) se comprometessem a gastar 5% do seu PIB em defesa.
Kalenteridis chamou a atenção para uma narrativa de que a Europa deveria ter investido em autodefesa desde o início e que a presidência de Trump enfatizou o isolamento e enfraquecimento da UE e a necessidade de autossuficiência.
"Parece que, se essa ideia ganhar força, veremos mais gastos e mais dívida nacional sendo acumulada em toda a UE para financiar esse esforço de guerra", disse Kalenteridis.
Von der Leyen justificou seu plano pela necessidade percebida de acompanhar os gastos militares da Rússia e da China. Kalenteridis disse que essa foi uma medida sem precedentes da UE para se envolver ativamente em conflitos fora de suas fronteiras.
"Estamos vendo novas ideias emergir, não apenas sobre o aumento do investimento, mas também sobre a obtenção de mais empréstimos e a acumulação de dívidas nacionais massivas para garantir que os complexos militares-industriais dentro da Europa continuem funcionando", concluiu Kalenteridis.
O embaixador russo na Organização das Nações Unidas (ONU), Vasily Nebenzya, estimou na semana passada que a UE gastou US$ 47 bilhões (R$ 286 bilhões) em ajuda militar para a Ucrânia desde 2022.