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Ameaçando Panamá e Dinamarca, Trump procura 'manter o poder tecnológico e geopolítico', diz analista

© Sputnik / Stringer / Acessar o banco de imagensO então presidente dos EUA, Donald Trump, faz anúncio sobre as relações comerciais dos EUA com a China e Hong Kong, no Rose Garden, na Casa Branca. Washington, D.C., 29 de maio de 2020
O então presidente dos EUA, Donald Trump, faz anúncio sobre as relações comerciais dos EUA com a China e Hong Kong, no Rose Garden, na Casa Branca. Washington, D.C., 29 de maio de 2020 - Sputnik Brasil, 1920, 08.01.2025
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Para o especialista em assuntos internacionais da UNAM Carlos Manuel López Alvarado, o discurso do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre tomar a Groenlândia e o canal do Panamá reflete sua vontade de combater a multipolaridade.
Na terça-feira (7), em um extenso discurso em Mar-a-Lago, Donald Trump não descartou o uso da força militar para tomar a Groenlândia e o canal do Panamá, justificando que são importantes para a segurança econômica do país e, para além de dizer que mudaria o nome do golfo do México e o renomearia como golfo da América, confirmou sua intenção de impor tarifas ao Canadá e ao México.
Vistas como bravatas por alguns analistas e ameaças por outros, as declarações do futuro, mas já conhecido, ocupante da Casa Branca atraíram a atenção da mídia internacional, e podem ter oferecido um vislumbre daquele que será seu modus operandi assim que ele retornar ao Salão Oval.
Nesse sentido, Carlos Manuel López Alvarado, especialista em assuntos internacionais da UNAM, disse à Sputnik que a insistência de Trump na apropriação da Groenlândia e do canal do Panamá "reflete que a ideia não é um capricho", mas "parte de um plano prioritário de combate a uma ordem cada vez mais multipolar, o que explica a sua acusação de que a China controla o canal, o que obviamente não é verdade".

"Muitos analistas, devido à natureza de showman de Trump e ao fato de, no passado, em seu primeiro governo, ele já ter falado em assumir o controle da Groenlândia e do canal do Panamá e nada disso ter acontecido, tomaram as suas declarações mais como uma ideia fantasiosa do republicano para se mostrar um homem forte", afirma o especialista.

López Alvarado alerta que, pelos seus antecedentes, estas ameaças devem ser levadas "completamente a sério", isto depois do mandato claro obtido nas urnas nas últimas eleições e do poder quase absoluto que terá nos EUA quando regressar à presidência, controlando ambas as casas do Congresso e com maioria conservadora na Suprema Corte.

"A ideia de recuperar o canal do Panamá e tomar a Groenlândia, seja comprando-a ou pela força, embora possam parecer ideias malucas, respondem ao objetivo muito preciso de Trump de tentar manter o poder tecnológico e geopolítico que o próprio republicano disse durante a campanha que os EUA perderam", diz o especialista.

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'Eles não são parceiros, mas súditos'

No entanto, López Alvarado salienta que muitos aliados dos EUA devem estar vendo com preocupação que o presidente eleito, para atingir os seus objetivos, não tem problemas em ir contra nações que são supostamente parceiras de Washington, como a Dinamarca e o Panamá.

"Nesse sentido, o anúncio de Trump será um bom lembrete para estes países de que na realidade não são parceiros, mas sim súditos de Washington e que o único interesse dos Estados Unidos é o seu próprio, o que deverá servir de alerta para muitos políticos que continuam acreditando que fazer tudo o que Washington dita será benéfico para eles", diz ele.

De qualquer forma, o analista diz não acreditar que Trump ousaria usar a força contra o Canadá ou a Dinamarca. A este respeito, destaca que a ameaça faz parte de um padrão clássico de Trump — mesmo nos seus anos anteriores como empresário imobiliário — de procurar se colocar na posição mais forte possível para negociar.

"Sem dúvida veremos um Trump mais agressivo neste segundo mandato, dado que, além disso, as figuras do establishment republicano que estiveram no seu primeiro governo já não estão mais lá, ou têm uma cota de poder muito limitada. Dito isto, acredito que os Estados Unidos não têm capacidade militar para abrir várias frentes de batalha, razão pela qual as ameaças de Trump, embora não as interprete como pura conversa, na minha opinião são a sua forma de dizer a outros países que é hora de sentar para negociar, queiram ou não", finaliza.

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