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Promessas de sanções, taxações e deportação em massa: quem tem medo do governo Trump?
Promessas de sanções, taxações e deportação em massa: quem tem medo do governo Trump?
Sputnik Brasil
Deportação de imigrantes, ameaças de sanções e taxações. Todos esses assuntos estão na ordem do dia das declarações públicas do presidente eleito dos EUA... 03.12.2024, Sputnik Brasil
2024-12-03T17:54-0300
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Durante o período eleitoral, os holofotes da campanha de Trump estiveram lançados sobre o combate à imigração nos EUA. Agora eleito, mas ainda não empossado, ele segue chamando a atenção para o assunto, que traz consigo desde seu primeiro mandato presidencial.Indubitavelmente o discurso xenófobo e autoritário gera temor e preocupação em uma parte daqueles que deixaram seus países em busca de condições melhores no Tio Sam. Entretanto, para especialistas ouvidos pelo Mundioka, podcast da Sputnik Brasil, é preciso aguardar a posse para ver quais serão os passos do republicano à frente da Casa Branca.Além disso, a deportação em massa ameaçada por Trump não é uma medida simples, relembra a analista. Pelo contrário, a ação esbarra em violações de direitos humanos, como violência contra as pessoas que estão ali estabelecidas, o risco de separação de famílias e até mesmo a prisão sem condições dignamente humanas.Outro aspecto que poderia barrar a deportação nos moldes pretendidos pelo republicano seria o custo econômico gigantesco, "porque a disponibilidade de trabalhadores, especialmente para áreas intensivas de mão de obra de baixa qualificação, é algo extremamente importante que essa população em geral tende a oferecer, com preços competitivos, contribuindo não apenas para que a economia americana funcione, mas também para permitir que você tenha uma situação em que, em grande medida, a produtividade do trabalhador americano continue alta", explica Augusto Teixeira Júnior, professor associado do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).Por outro lado, Teixeira Júnior afirma que os discursos sobre imigração do presidente eleito têm importantes dimensões simbólicas para o eleitorado mais conservador, seguidor do movimento Make America Great Again, que espera uma "América para os americanos" e acredita que o país esteja sendo tomado de assalto pelos imigrantes.Mão de ferro: Trump vai sancionar países latino-americanos e o BRICS?Recentemente, Trump deu declarações sobre impor tarifas de 25% sobre todos os produtos do México e do Canadá devido ao problema não resolvido da imigração e do tráfico de drogas no país.O republicano também foi a público ameaçar sancionar os países do BRICS como resposta aos trabalhos do grupo que visam à desdolarização nas negociações entre seus membros.Segundo Prestes, a fala do presidente eleito em relação aos países do BRICS pode ser interpretada como uma colocação genérica, uma vez que cada um desses países tem uma relação e um arcabouço de acordos já estabelecidos com os EUA.Teixeira Júnior, por sua vez, considera que a tendência do segundo mandato do presidente Trump seja de aplicações das sanções, sobretudo como um instrumento importante de barganha e de estratégia coercitiva na sua relação essencialmente com a China.Para o especialista, se no primeiro mandato Trump adotou essa política, agora, em um cenário mais multipolar, mais multicêntrico, com a China com um peso muito mais robusto e que ameaça a hegemonia norte-americana, a propensão é que essa estratégia se repita.Entretanto, conforme o especialista, apesar da ameaça de sancionar o BRICS, a tendência de aplicações de sanções bilaterais é muito maior.Diante dessa conjuntura, caso aconteça, o professor alerta que o Brasil precisará adotar uma postura pragmática para, "de um lado, conseguir aliviar a tendência de sanções contra si, sendo membro do BRICS, mas, por outro, mantendo uma relação de aproximação com a China, de quem a economia do Brasil é fortemente dependente e tenderá a ser nos próximos anos".Interferência política: América do Sul receberá a atenção de Trump?Em 2024, além da reeleição de Nicolás Maduro na Venezuela, os países sul-americanos viram a eleição do progressista Yamandú Orsi, pupilo de Pepe Mujica, no Uruguai. O continente ainda conta com outras lideranças de partidos de centro-esquerda e esquerda, como o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, o chefe do Executivo da Colômbia, Gustavo Petro, e o presidente da Bolívia, Luís Arce.Apesar da presença importante de lideranças progressistas na região, Teixeira Júnior acredita que Trump, em um primeiro momento, "não dará tanta bola para a América do Sul".Na mesma linha, Prestes acredita que os países sul-americanos, neste momento, não serão prioridades do novo governo dos EUA.Nesta primeira etapa, Trump vai se preocupar em "montar governo, com a questão em relação à China, e ele tem questões muito grandes nas suas mãos, como a situação na Ucrânia e em Gaza", diz a analista.Embora os países sul-americanos citados entre os progressistas não estejam no topo das prioridades na largada da administração Trump, isso não significa que terão relações absolutamente tranquilas com os EUA.De acordo com Teixeira Júnior, figuras como Lula e Petro tendem a sofrer pressão pelas diferenças ideológicas e serão desafiadas a tentar "navegar em águas menos tumultuosas".Assim como as assimetrias, o professor da UFPB acredita que também as simetrias terão importância apenas do ponto de vista ideológico, ou seja, o presidente Javier Milei na Argentina "importa para Trump em uma perspectiva simbólica, para o público ideológico, conservador", sintetiza.
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américas, donald trump, américa latina, estados unidos, gustavo petro, javier milei, china, américa do sul, brics, casa branca, imigração ilegal, imigração, sanções, deportação, taxa, exclusiva, eua, colômbia, argentina
Durante o período eleitoral, os holofotes da campanha de Trump estiveram lançados sobre o combate à imigração nos EUA. Agora eleito, mas ainda não empossado, ele segue chamando a atenção para o assunto, que traz consigo desde seu primeiro mandato presidencial.
Indubitavelmente o
discurso xenófobo e autoritário gera temor e preocupação em uma parte daqueles que deixaram seus países em busca de condições melhores no Tio Sam. Entretanto, para especialistas ouvidos pelo
Mundioka, podcast da
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é preciso aguardar a posse para ver quais serão os passos do republicano à frente da Casa Branca.
"Trump também fala muito, mas na hora de realizar nem sempre é exatamente como ele anunciou. Foi assim no primeiro mandato com relação ao muro, por exemplo", afirma Ana Prestes, doutora em ciência política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e analista de relações internacionais.
Além disso, a
deportação em massa ameaçada por Trump não é uma medida simples, relembra a analista. Pelo contrário, a ação esbarra em violações de direitos humanos, como violência contra as pessoas que estão ali estabelecidas, o risco de separação de famílias e até mesmo a prisão sem condições dignamente humanas.
Outro aspecto que poderia barrar a
deportação nos moldes pretendidos pelo republicano seria o custo econômico gigantesco, "porque a disponibilidade de trabalhadores, especialmente para áreas intensivas de mão de obra de baixa qualificação, é algo extremamente importante que essa população em geral tende a oferecer, com preços competitivos, contribuindo não apenas para que a economia americana funcione, mas também para
permitir que você tenha uma situação em que, em grande medida, a produtividade do trabalhador americano continue alta", explica
Augusto Teixeira Júnior, professor associado do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Por outro lado, Teixeira Júnior afirma que os discursos sobre imigração do
presidente eleito têm importantes dimensões simbólicas para o eleitorado mais conservador, seguidor do movimento Make America Great Again, que espera uma
"América para os americanos" e acredita que o país esteja sendo tomado de assalto pelos imigrantes.
Mão de ferro: Trump vai sancionar países latino-americanos e o BRICS?
Recentemente, Trump deu declarações sobre
impor tarifas de 25% sobre todos os produtos do México e do Canadá devido ao problema não resolvido da imigração e do tráfico de drogas no país.
O republicano também foi a público ameaçar
sancionar os países do BRICS como resposta aos trabalhos do grupo que visam à desdolarização nas negociações entre seus membros.
Segundo Prestes, a fala do presidente eleito em relação aos países do BRICS pode ser interpretada como uma colocação genérica, uma vez que cada um desses países tem uma relação e um arcabouço de acordos já estabelecidos com os EUA.
"Eu vejo isso mais como uma ameaça retórica, a princípio, do que realmente algo que ele vai conseguir colocar em prática, porque senão pode ter um efeito até reverso, ele pode ter prejuízo dentro dos Estados Unidos", analisa.
Teixeira Júnior, por sua vez, considera que a tendência do segundo mandato do presidente Trump seja de
aplicações das sanções, sobretudo como um instrumento importante de barganha e de estratégia coercitiva na sua relação essencialmente com a China.
Para o especialista, se no primeiro mandato Trump adotou essa política, agora, em um cenário mais multipolar, mais multicêntrico, com a China com um peso muito mais robusto e que ameaça a hegemonia norte-americana, a propensão é que essa estratégia se repita.
"Nesse segundo mandato, ele já apontou o importante membro do seu gabinete na área econômica e financeira voltada a sanções", relembra o professor.
Entretanto, conforme o especialista, apesar da ameaça de sancionar o BRICS, a tendência de aplicações de sanções bilaterais é muito maior.
Diante dessa conjuntura, caso aconteça, o professor alerta que o Brasil precisará adotar uma postura pragmática para, "de um lado, conseguir aliviar a tendência de sanções contra si, sendo membro do BRICS, mas, por outro, mantendo uma relação de aproximação com a China, de quem a economia do Brasil é fortemente dependente e tenderá a ser nos próximos anos".
Interferência política: América do Sul receberá a atenção de Trump?
Em 2024, além da reeleição de
Nicolás Maduro na Venezuela, os países sul-americanos viram a eleição do progressista
Yamandú Orsi,
pupilo de Pepe Mujica, no Uruguai. O continente ainda conta com outras lideranças de partidos de centro-esquerda e esquerda, como o presidente do Brasil,
Luiz Inácio Lula da Silva, o chefe do Executivo da Colômbia,
Gustavo Petro, e o presidente da Bolívia,
Luís Arce.
Apesar da presença importante de lideranças progressistas na região, Teixeira Júnior acredita que Trump, em um primeiro momento, "não dará tanta bola para a América do Sul".
"Apesar de ter em seus quadros no governo atores importantes com históricos sobre a América Latina, para os Estados Unidos, tradicionalmente, a América Latina que importa é essencialmente o norte da América do Sul para cima. Essa é a área de grande caráter sensível para os Estados Unidos. Seja pela questão de imigração, drogas ou a relação com o Caribe e com o canal do Panamá", avalia.
Na mesma linha, Prestes acredita que os países sul-americanos, neste momento, não serão prioridades do novo governo dos EUA.
Nesta primeira etapa, Trump vai se preocupar em "montar governo, com a questão em relação à China, e ele tem questões muito grandes nas suas mãos, como a
situação na Ucrânia e em Gaza", diz a analista.
Embora os países sul-americanos citados entre os progressistas não estejam no topo das prioridades na largada da administração Trump, isso não significa que terão relações absolutamente tranquilas com os EUA.
"Acho que a relação com o Petro não vai ser boa, porque o Petro é visto por Trump, e mais ainda por Marco Rubio [futuro secretário de Estado dos EUA] e essa turma, como um ex-guerrilheiro, como uma pessoa de uma esquerda muito radical. Eles vão olhar para o Petro dessa forma", afirma Prestes.
De acordo com Teixeira Júnior, figuras como Lula e Petro
tendem a sofrer pressão pelas diferenças ideológicas e serão desafiadas a tentar "navegar em águas menos tumultuosas".
Assim como as assimetrias, o professor da UFPB acredita que também as simetrias terão importância apenas do ponto de vista ideológico, ou seja, o presidente Javier Milei na Argentina "importa para Trump em uma perspectiva simbólica, para o público ideológico, conservador", sintetiza.
"O sul da América do Sul, especialmente ao sul da Colômbia, perde em relevância tradicionalmente para os Estados Unidos. Nesse sentido, a Argentina pode ser interessante, em particular o Milei, como um aspecto ideológico, um aspecto de ter aí uma cabeça de praia importante nessa disputa com a China, em que ganhar espaço se faz relevante", acrescenta Teixeira Júnior.
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