Nesta terça-feira (14), ocorreu a segunda tentativa de prisão do presidente sul-coreano Yoon Suk-yeol, acusado de abuso de poder e insurreição. Inicialmente, a execução da ordem judicial foi novamente fracassada devido a um impasse entre as forças policiais, a segurança presidencial e apoiadores na frente da residência presidencial.
Após horas de indecisão, as autoridades sul-coreanas conseguiram ultrapassar três barricadas e adentrar a residência. Os advogados do presidente, contudo, conseguiram negociar o adiamento de sua prisão e evitar a imagem de sua saída algemado. Cerca de 200 policiais e 40 investigadores foram mobilizados.
Em troca da retirada das forças policiais, a defesa negociou a ida do presidente ao Escritório de Investigação de Corrupção para Funcionários de Alto Escalão (CIO, na sigla em inglês), onde foi preso. Dessa forma, Yoon, que estava afastado das atividades, se tornou o primeiro presidente da República da Coreia a ser preso durante seu mandato.
Investigadores sul-coreanos já haviam tentado executar um mandado de prisão contra Yoon Suk-yeol em 3 de janeiro, mas foram forçados a recuar após um impasse de mais de cinco horas com os seguranças presidenciais. O CIO declarou à imprensa que o mandado não foi cumprido devido aos riscos à segurança da equipe presente.
Yoon chama prisão de 'comparecimento voluntário'
Já Yoon declarou que sua prisão foi, na verdade, um "comparecimento voluntário" para interrogatório, com o objetivo de evitar um "derramamento de sangue". O líder sul-coreano destacou que não reconhece a legitimidade da investigação, segundo comunicado divulgado pela administração presidencial.
Em sua mensagem à nação, o presidente afirmou que decidiu comparecer ao interrogatório ao testemunhar a polícia e os investigadores "invadindo" a área protegida de sua residência.
"Para evitar eventos indesejados e sangrentos, tomei a decisão de me apresentar à promotoria, apesar da ilegalidade dessas ações", disse Yoon Suk-yeol.
O líder ressaltou ainda que a decisão não implica que o reconhecimento da legitimidade da investigação conduzida contra ele.
"Como presidente, com o dever de proteger a Constituição e o sistema jurídico da República da Coreia, meu consentimento em participar deste processo ilegal e inválido não deve ser interpretado como reconhecimento. Trata-se apenas de uma tentativa de evitar eventos sangrentos indesejados", afirmou o presidente.
Impeachment de Yoon foi aprovado na Assembleia
No fim do ano passado, a Assembleia Nacional da Coreia do Sul aprovou o impeachment do Yoon Suk-yeol, com 204 legisladores votando a favor da destituição do presidente e 85 contra. O presidente é acusado de tentativa de tomada violenta do poder e abuso de poder pela imposição da lei marcial sem fundamentos adequados e em violação da lei.
O projeto de resolução de impeachment afirma que o Exército e a polícia sul-coreanos, sob as ordens do presidente, tentaram prender os deputados da Assembleia Nacional, apreenderam a Comissão Eleitoral Central, confiscaram os celulares dos funcionários e bloquearam os serviços privados de votação da oposição.
Após a aprovação do impeachment pelo parlamento, os poderes de Yoon Suk-yeol foram suspensos e a questão da destituição do presidente passou a ser analisada pelo Tribunal Constitucional, tendo 180 dias para tomar essa decisão.