"Neste ano [2025], definitivamente, haverá escassez de energia na Europa", diz Francisco Blanch, estrategista de mercado de commodities do Bank of America.
"A Casa Branca não pode forçar os exportadores a trabalhar exclusivamente para o mercado europeu." De acordo com estimativas da plataforma de análise de investidores MST Marquee, para atender à demanda, a UE terá que importar mais 10 milhões de toneladas de gás natural liquefeito (GNL), quase 10% a mais do que em 2024.
De acordo com a Rystad Energy, a UE apresentou um recorde de 17,8 milhões de toneladas de GNL em 2024. Em 2023, o número foi de 15,1 milhões de toneladas e, em 2022, de 16,4 milhões.
Segundo analistas, o bloco europeu terá que encontrar esses volumes em algum lugar. Especialistas dizem que o déficit do mercado europeu será aliviado por projetos de exportação de GNL na América do Norte. No entanto, isso leva tempo.
Não há garantia de que a UE e os EUA consigam chegar a um acordo. Embora o presidente dos EUA, Donald Trump, já tenha prometido fornecer gás norte-americano ao redor do mundo com o objetivo de obter "domínio energético", o Departamento de Energia dos EUA duvida da conveniência de expandir as exportações, pois isso poderia levar a um aumento de preços no mercado interno.
'Luta global' pelo gás
O rápido crescimento da indústria de GNL pode elevar os preços do combustível, da eletricidade e do gás natural. Em um relatório de dezembro de 2024, o Departamento de Energia dos EUA cita "um aumento de três vezes para os consumidores, bem como maiores emissões de gases do efeito estufa".
"Políticos ocidentais veem as promessas de Trump de garantir o fornecimento ininterrupto de GNL para a UE como um motivo para desprezar o combustível russo", diz Pavel Marishev, membro do conselho de especialistas da Sociedade Russa de Gás. Mas essa posição é "míope" porque "a Casa Branca não pode obrigar os exportadores a trabalhar exclusivamente para o mercado europeu", explica o analista.
As consequências da escassez são óbvias e incluem enormes contas de luz para consumidores e empresas industriais, fechamento de fábricas e paralisação de atividades. Em última análise, observa a Bloomberg, há o risco de a Europa desencadear uma "corrida global" pelo gás.