Parte de um projeto de 15 anos do Museu Britânico, pesquisadores analisaram 14 tesouros compostos majoritariamente de torques de ouro, prata e bronze escavados em Snettisham, Norfolk, entre 1948 e a década de 1990. No entanto, fragmentos de liga de cobre — que inicialmente se acreditavam ser parte de um vaso — faziam parte do conjunto como um quebra-cabeça arqueológico.
"Existem menos de dez capacetes da Idade do Ferro no Reino Unido e cada um deles é único", disse a curadora da Idade do Ferro, dra. Julia Farley, destacando a importância da descoberta.
A conservadora de metais Fleur Shearman estava juntando as peças quando percebeu que uma era uma peça de nariz (centro) para um capacete e as outras eram suas sobrancelhas
© Foto / Curadores do Museu Britânico
O dr. Jody Joy, curador da Idade do Ferro Europeia do Museu Britânico quando o projeto começou em 2009, acompanhou a conservadora de metais Fleur Shearman até o laboratório e ficou surpreso e emocionado com a descoberta do capacete, declarando que viveu, "honestamente, uma das coisas mais emocionantes dos meus oito anos no Museu Britânico", segundo a BBC.
O artista Craig Williams fotografou e digitalizou os fragmentos para criar um modelo 3D do capacete para auxiliar na composição da ilustração
© Foto / Curadores do Museu Britânico
Para a dra. Farley, além de capacetes daquele período serem extremamente raros de se encontrar, as descobertas detalham também as capacidades dos artesãos da Idade do Ferro como, por exemplo, no uso de técnicas como douramento de mercúrio. "Não sabíamos que eles podiam fazer isso no Reino Unido há 2.000 anos", afirmou a pesquisadora.
O povo da Idade do Ferro usou recursos, habilidades, trabalho e inocência criativa para produzir as peças surpreendentes de trabalho em ouro
© Foto / Curadores do Museu Britânico
"E este é único, tem um tipo de ponte nasal que é realmente incomum e essas pequenas peças de sobrancelha e é tudo martelado a partir de uma folha de bronze incrivelmente fina, e isso é algo tremendamente habilidoso de se fazer", afirmou Farley.
Para o dr. Joy, provavelmente o capacete não estava completo quando foi colocado no solo, porque faltava muito material, o que pode sugerir que poderia se tratar de um item herdado ou que ele tivesse sido usado como um tipo de recipiente para outros materiais.
A maioria desses tesouros foi enterrada por volta de 60 a.C., com algumas peças datando do início do período romano, representando uma das maiores concentrações de metais preciosos da Europa pré-histórica. Apesar de sua importância, esses tesouros nunca foram totalmente publicados, o que levou o Museu Britânico a iniciar um projeto em parceria com o Museu do Castelo de Norwich, que também guarda algumas das descobertas.
Os torques eram antigos e estavam bem desgastados antes de serem depositados, e alguns, como o Grotesque Torc (toque grotesco), foram bastante reparados
© Foto / Curadores do Museu Britânico
Além do capacete, estão os torques. Seus fragmentos foram minuciosamente examinados com tecnologia científica avançada, revelando detalhes como padrões de desgaste e polimento, indicando uso prolongado ou intenso. Cada objeto era único, refletindo um mundo onde esses itens pessoais tinham histórias e significados próprios.
Entre as descobertas, estão pelo menos 400 torques, dos quais mais de 60 estavam intactos ou quase intactos, incluindo o Snettisham Great Torc, um dos mais elaborados objetos de ouro do mundo antigo.
O Great Torc (torque grandioso) é feito de 64 fios em oito bobinas separadas e foi encontrado durante uma aração em Snettisham em 1950
© Foto / Curadores do Museu Britânico
Além disso, as pesquisadoras confirmam que os torques eram usados por homens, mulheres e jovens, não apenas por homens de alto status social. A concentração de torques em Ken Hill (80% deles) sugere que eram valiosos e possivelmente enterrados como oferendas em um local sagrado.