Pesquisa de DNA revela que homens da Idade do Ferro juntavam-se às famílias de suas esposas (FOTOS)
13:15 16.01.2025 (atualizado: 14:45 16.01.2025)
© Foto / Universidade de Bournemouth/PAA equipe de pesquisa afirma que evidências genéticas e modelagem sugerem que a comunidade da Idade do Ferro em Dorset era matrilocal: ou seja, as mulheres ficavam onde estavam e os homens se mudavam para se juntar a elas
© Foto / Universidade de Bournemouth/PA
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Segundo um novo estudo sobre as comunidades celtas no Reino Unido, foram encontradas evidências de que os homens se mudavam para se juntar às famílias de suas esposas, colocando em xeque a ideia de que todas as comunidades eram maioritariamente patriarcais.
De acordo com a autora da pesquisa do Trinity College Dublin, doutora Lara Cassidy, as descobertas realizadas pela análise de DNA de indivíduos da Idade do Ferro no Reino Unido desafiaram suposições de que a maioria das sociedades era patrilocal, com os homens permanecendo no mesmo lugar.
Segundo a pesquisadora, a matrilocalidade — movimento em que o homem se junta à família da mulher — era muito mais comum do que se pensava e "tem efeitos colaterais realmente importantes sobre como vemos as mulheres no passado e seus papéis e influências na sociedade", afirmou a pesquisadora ao The Guardian.
Publicado na revista Nature, o estudo relata como os arqueólogos estudaram os genomas de mais de 50 indivíduos enterrados em um conjunto de cemitérios em Dorset — sendo a maioria associada à tribo Durotriges, um grupo celta que ocupou a costa centro-sul do Reino Unido de cerca de 100 a.C. a 100 d.C.
© Foto / Universidade de Bournemouth/PAMulheres da Idade do Ferro tendiam a ser enterradas com itens valiosos. Este local de sepultamento em Dorset é o de uma jovem enterrada com um espelho (D) e joias, incluindo um amuleto de moeda romana mostrando uma mulher
Mulheres da Idade do Ferro tendiam a ser enterradas com itens valiosos. Este local de sepultamento em Dorset é o de uma jovem enterrada com um espelho (D) e joias, incluindo um amuleto de moeda romana mostrando uma mulher
© Foto / Universidade de Bournemouth/PA
Ao analisar o DNA e DNA mitocondrial – material genético de dentro das usinas de energia das células – a pesquisa revelou que a maioria dos indivíduos eram parentes entre si, corroborando a visão de que as mulheres permaneciam no mesmo lugar naquela comunidade, enquanto os homens se deslocavam para se juntar às suas esposas, segundo as evidências genéticas.
Embora o estudo não revele se as sociedades da Idade do Ferro tinham grupos tribais organizados especificamente em torno da linhagem materna, ou sugira que havia um matriarcado, os resultados oferecem novos insights sobre as comunidades.
Para Cassidy, a pesquisa serve para lembrar à sociedade, de forma geral, que a mulher não era uma figura restrita ao ambiente doméstico, ao contrário do que se imagina ordinariamente. "Em muitas sociedades hoje e no passado, as mulheres exercem grande influência e grande poder, e é bom lembrar disso", destacou a pesquisadora.