"Consideramos que a medida do presidente da Argentina, Javier Milei, viola os princípios mais elementares da convivência pacífica no âmbito internacional. Isso seria contrário aos tratados internacionais", declarou Siles em entrevista à imprensa local.
A estrutura, que já gerou preocupação por parte da Bolívia, terá 200 metros de comprimento, 2,5 metros de altura, e se estenderá da rodoviária de Aguas Blancas até o escritório de migrações.
A cerca será construída em frente à localidade boliviana de Bermejo, o que levou o país andino a enfatizar, por meio do Ministério das Relações Exteriores, que "as questões fronteiriças devem ser tratadas através de mecanismos de diálogo bilaterais estabelecidos entre os Estados, para encontrar soluções coordenadas para temas em comum".
A chancelaria boliviana também emitiu um comunicado, rejeitando a iniciativa argentina, e classificou a medida como unilateral, sem discussão com o governo boliviano.
"Tanto as Nações Unidas [ONU] quanto a Organização dos Estados Americanos [OEA] deveriam condenar essas decisões. Esperamos que isso seja apenas um anúncio, e não algo concreto. Esperamos que o presidente da Argentina possa refletir", acrescentou o ministro da Justiça.
Pouco antes, o município argentino de Aguas Blancas, na província de Salta, oficializou a abertura de uma licitação para construir uma cerca metálica na fronteira com a Bolívia, conforme resolução publicada no boletim oficial do distrito.
A construção da estrutura é promovida pela Secretaria de Governo, Obras Públicas e Serviços Públicos da Aguas Blancas, que estabeleceu o prazo até 4 de fevereiro para a apresentação de propostas.
O Ministério da Segurança da Argentina lançou o Plano Guemes, que tem o objetivo de combater a entrada sem autorização de migrantes da Bolívia e obrigar os viajantes a usarem os serviços legais para a circulação entre os dois países.
Essa iniciativa permite, pela primeira vez, a patrulha pelo município do rio Bermejo, que até então era monitorada apenas pela polícia boliviana. O programa também prevê o deslocamento de 310 agentes das forças federais e mais controle nos pontos de fronteira.