Após reunião realizada nesta quarta-feira (29), o Ministério das Relações Exteriores anunciou um acordo com a Embaixada dos Estados Unidos em Brasília para criar um grupo de trabalho que vai tratar sobre as deportações de migrantes brasileiros do país norte-americano.
Conforme a pasta, o objetivo é "trocar informações e aprimorar a operacionalização de voos de retorno de brasileiros, garantindo a segurança e o tratamento digno e respeitoso dos passageiros". Além disso, ficou acordado o estabelecimento de "uma linha direta de comunicação entre os membros do grupo para o acompanhamento em tempo real dos futuros voos".
Os voos de deportação ocorrem no Brasil desde 2018, quando foi feito um acordo com o governo do ex-presidente Michel Temer, mas os brasileiros não podem estar algemados ao pisar em território brasileiro, algo que, segundo as autoridades brasileiras.
No último domingo (26), o Itamaraty divulgou um comunicado em que critica o tratamento "degradante" dado pelas autoridades norte-americanas e ainda afirma que as condições violaram os termos do acordo.
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e o chanceler Mauro Vieira tiveram uma reunião na segunda-feira (27) para discutir as deportações, quando foi tomada a decisão de pedir explicações ao representante estadunidense.
Já na terça-feira (28), Vieira afirmou que o país pediu ao governo norte-americano que as deportações de brasileiros atendam aos requisitos mínimos de dignidade e, também, aos direitos humanos.
Durante o voo, os repatriados relataram maus-tratos pelas autoridades dos EUA, como o impedimento do uso do banheiro e a falta de ar-condicionado na aeronave fretada. Inicialmente, a expectativa de decolagem na última sexta-feira (24) aconteceria no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte (MG), mas problemas técnicos fizeram o avião pousar em Manaus (AM).
"O objetivo da reunião, além de transmitir ao presidente o que aconteceu, o relato da situação, foi também de discutir formas de tratar o tema daqui para diante e de discutir com as autoridades americanas que as deportações para eles, e a repatriação para o Brasil, sejam feitas atendendo aos requisitos mínimos de dignidade, respeito aos direitos humanos, atenção necessária aos passageiros de uma viagem dessa extensão", declarou na data.