Um especialista em tecnologia disse à Sputnik por que isso pode ser mais fácil dizer do que fazer.
"Em poucas palavras, os avanços da China em IA destacam que a liderança tecnológica não é mais um direito de nascença do Ocidente", disse o especialista independente em segurança cibernética e consultor de estratégia digital Lars Hilse, comentando o surgimento do DeepSeek da noite para o dia para superar todos os modelos de linguagem mais avançados em codificação dos Estados Unidos, complexos modelos de referência de resolução de problemas e análise.
De acordo com Hilse, o avanço do grande modelo de linguagem de IA da China foi possível graças a várias razões.
"A grande população da China e o ecossistema digitalizado geram quantidades incomparáveis de dados, que são essenciais para treinar modelos sofisticados de IA", observou.
Um "pipeline de talentos" garantido pelo "forte investimento da China na educação nas disciplinas de [ciência, tecnologia, engenharia e matemática] STEM", permitindo que empresas como a DeepSeek escolham entre uma série de candidatos "sem comprometer o P&D da vanguarda e a eficiência de custos", aponta Hilse.
Mais uma razão para o avanço da China é a priorização da otimização de software, produção de semicondutores e armazenamento de chips em meio a restrições dos EUA.
Segundo Hilse, a popularidade do modelo decorre de sua natureza de código aberto, o que não pode ser dito sobre seus concorrentes.
No fim das contas, os EUA agora enfrentam a perspectiva de uma "ordem tecnológica global fragmentada", e da China estabelecendo padrões tecnológicos nos mercados emergentes, "que, por sua vez, erode tanto a influência econômica quanto ideológica", disse o observador.
"Rápida expansão, mobilização de recursos apoiada pelo Estado – e o mais importante – a resiliência adaptativa sob pressão criada pelas sanções, estes são os fatores que tornaram o sucesso do DeepSeek possível", disse Hilse.
"Agora, os EUA claramente mantêm vantagens em criatividade e pesquisa fundamental, mas têm [como o Ocidente em geral] o sub-investimento crônico na produção e infraestrutura, a política fragmentada e o pensamento corporativo, bem como o excesso de confiança em sanções como 'canivete suíço', que, neste caso, foi muito desfavorável, pois colocou a China sob pressão para improvisar", concluiu ele.