O ministro da Economia do México, Marcelo Ebrard, criticou neste domingo (2) a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de impor tarifas de 25% sobre produtos mexicanos em represália à suposta falta de controle do país latino em relação à entrada de drogas em território americano.
"Acusar o governo do México de ser aliado do tráfico de drogas é, além de ser uma ofensa ao nosso país, um pretexto para distrair a opinião pública nos EUA do tremendo erro de impor tarifas perturbadoras ao México e às empresas norte-americanas estabelecidas aqui. Tiro no pé", escreveu Ebrard em suas redes sociais.
Ele acrecentou que a imposição de tarifas por Washington ao México e ao Canadá "é uma violação flagrante" do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA, na sigla em inglês), assinado pelos três países em 2018, em substituição do North American Free Trade Agreement (NAFTA, na sigla em inglês).
Ebrard frisou que o USMCA é o melhor acordo já negociado entre os países, que entrou em vigor na primeira gestão de Trump (2017-2021), e que "tem sido o melhor acordo comercial dos últimos anos”.
No sábado (1º), Trump anunciou tarifas de 25% sobre produtos do México e do Canadá, com exceção da energia canadense, que será taxada em 10%, e de 10% sobre produtos da China. As tarifas foram anunciadas como uma retaliação à suposta falta de ação do México e do Canadá em relação à entrada de imigrantes e drogas no território americano. Os três países tarifados reagiram ao anúncio do republicano.
A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, rejeitou categoricamente as acusações do governo Trump.
"Rejeitamos categoricamente a calúnia da Casa Branca contra o governo mexicano de ter alianças com organizações criminosas, bem como qualquer intenção de intervenção em nosso território", disse Sheinbaum.
No caso da China, Trump acusa o país de ser responsável pelo fluxo de fentanil que entra nos EUA, causando a crise de opioides que assola o país.
A crise do fentanil é relacionada a overdoses do opioide sintético nos Estados Unidos, que é 50 vezes mais forte do que a heroína. Estudo publicado por pesquisadores Universidade da Califórnia de Los Angeles (UCLA) aponta que, em 2021, 66% das mais de 100 mil mortes por overdose no país estavam ligadas ao uso dessa droga.
Mais cedo, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, anunciou tarifas de 25% a produtos dos EUA. A China informou que vai acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas impostas por Trump.