Panorama internacional

Rússia exigirá garantias sólidas ​​para a paz na Ucrânia, diz diplomata russo

Em entrevista, Aleksandr Grushko frisa que uma resolução para a paz na Ucrânia deve incluir um contexto externo para fortalecer a segurança regional.
Sputnik
Como parte da resolução do conflito na Ucrânia, a Rússia exigirá que um futuro acordo inclua sólidas garantias de segurança, incluindo o status neutro da Ucrânia e a recusa dos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em aceitá-la como membro da aliança. É o que afirmou neste domingo (16) o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Aleksandr Grushko, em uma entrevista ao jornal russo Izvestia.
No final de 2021, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia publicou projetos de acordos entre a Rússia, os EUA e a OTAN sobre garantias de segurança. Os documentos, em particular, excluíam a questão da expansão da OTAN para o leste europeu, a entrada da Ucrânia na aliança e previam a renúncia de qualquer atividade militar da OTAN na Ucrânia, Europa Oriental, Transcaucásia e Ásia Central. Moscou também disse que era necessário repudiar formalmente a decisão da cúpula da OTAN de Bucareste de 2008 de que Ucrânia e Geórgia se tornariam membros da OTAN, por ser contrária ao compromisso de todos os líderes da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) de não fortalecer sua própria segurança às custas da segurança dos outros.
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"Se falamos sobre uma resolução pacífica do conflito na Ucrânia, então, é claro, isso terá um contexto externo. Exigiremos que esse acordo inclua garantias de segurança muito sólidas, uma vez que somente por meio de sua formação será possível alcançar uma paz duradoura na Ucrânia e, em geral, fortalecer a segurança regional. Parte dessas garantias deve ser o status neutro da Ucrânia, a recusa dos países da OTAN em aceitá-la como membro da aliança. Na verdade, esta é precisamente a disposição incluída nos projetos desses acordos. Quanto às discussões, é claro, elas não estão sendo conduzidas hoje, uma vez que não há negociações", disse Grushko.

Em 2022, foram realizadas várias reuniões sobre as propostas russas,, em particular entre a Rússia e os EUA, bem como uma reunião do Conselho Rússia-OTAN e consultas na OSCE, em Viena. No início de março de 2022, a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, declarou que Moscou não havia recebido garantias de segurança dos EUA e da OTAN. Zakharova esclareceu que as propostas russas em questões que "são não apenas essenciais para o país, mas vitais, existenciais" foram recusadas.
Abordando o tema da OTAN e a hipotética redução da presença militar dos EUA no Báltico, Grushko observou que Moscou agirá em função da existência de ameaças significativas à Rússia vindas do Ocidente.

"As redes de aeródromos e portos estão sendo expandidas ativamente. A OTAN está criando novas unidades de resposta rápida e aumentando a manobrabilidade. Estamos vendo um aumento na densidade e escala dos exercícios. Eles estão se tornando mais agressivos, visando operações militares contra um adversário comparável, que se supõe ser a Rússia. Essa é a realidade com a qual temos que lidar. E, até que haja mudanças reais nas políticas e no desenvolvimento militar dos países da OTAN, o lado russo verá a situação como uma ameaça significativa à sua segurança nacional", disse ele.

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No início de março, uma reunião entre as delegações dos EUA e da Ucrânia ocorreu na Arábia Saudita. O gabinete de Vladimir Zelensky publicou uma declaração conjunta de Kiev e Washington após as negociações, observando que Kiev está pronta para implementar a proposta dos EUA de um cessar-fogo de 30 dias, que pode ser estendido por acordo das partes.
O assessor presidencial russo Yuri Ushakov disse que a proposta de cessar-fogo de 30 dias, precisa ser finalizada levando em consideração os interesses da Rússia. Ele também chamou o cessar-fogo de nada mais que uma trégua temporária para os militares ucranianos. Ushakov lembrou que a Rússia está se esforçando para obter um acordo pacífico de longo prazo na Ucrânia, que leve em consideração os interesses e preocupações de Moscou. Ele observou que a posição oficial em relação ao cessar-fogo temporário na Ucrânia proposto pelos EUA será formulada pelo presidente russo, Vladimir Putin.
Putin disse em 13 de março que concordava com a proposta dos EUA de acabar com o conflito na Ucrânia, mas que o cessar-fogo deve levar a uma paz de longo prazo e abordar as causas profundas da crise.
Segundo ele, é vantajoso para o lado ucraniano conseguir um cessar-fogo devido ao completo isolamento de suas unidades que invadiram o território russo em Kursk. Putin está convencido de que a Ucrânia deveria ter pedido insistentemente um cessar-fogo aos norte-americanos, com base na situação no terreno.
Ao mesmo tempo, ao discutir a ideia de um cessar-fogo temporário, o líder russo observou que há questões que exigem uma análise meticulosa por ambos os lados. Em particular, o presidente levantou a questão de quem daria ordens para cessar as hostilidades e controlar as ações da Ucrânia durante o cessar-fogo proposto. O chefe de Estado russo também observou que a Ucrânia poderia usar o cessar-fogo temporário para a mobilização forçada. No entanto, Putin não descartou discutir a ideia de um cessar-fogo na Ucrânia com seu homólogo norte-americano, Donald Trump.
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