"Os norte-americanos têm imposto sanções contra a China de maneira sistemática desde 2017. Um exemplo é o acesso a chips de alto rendimento, que os EUA bloqueiam, inclusive, a venda de máquinas litográficas para imprimir circuitos de última geração. Eles tentam sufocar, mas você tem um parque científico e tecnológico na China, com milhões de engenheiros, matemáticos e cientistas que estão desenvolvendo novas tecnologias. Há dois meses, o mercado foi surpreendido com a potencialidade do DeepSeek, desenvolvido a uma fração ínfima do custo do ChatGPT da OpenAI. Essa fase em que você poderia estrangular [a economia chinesa] já passou. Do ponto de vista tecnológico e comercial, a tentativa de frear a China já perdeu o prazo de validade", explica.
Em qual revolução industrial estamos atualmente?
"A questão é se do ponto de vista econômico seria viável produzir um bem de consumo que não conte com a agilidade e os baixos custos dessas cadeias produtivas. Eu imagino que isso seria um tiro na água. Os processos produtivos atuais tendem a poupar muito a mão de obra. Então, por mais que você traga, por exemplo, toda a cadeia produtiva da indústria automobilística para dentro dos EUA, jamais vai recriar uma cidade como Detroit, que vivia em torno disso. Não vai ter uma planta com até 50 mil trabalhadores, porque a maior parte dessa produção será feita por robô", enfatiza.
Qual o papel da China no mercado global?
"Há poucos anos, muitas empresas chinesas tinham dificuldade de adentrar mercados específicos, como na África e até na América Latina, que era muito controlada por corporações norte-americanas. Então esses acordos comerciais se tornaram parte central da estratégia da China para conseguir colocar seu capital dentro desses territórios. É muito importante também destacar as obras de infraestrutura que o país faz, principalmente em países menos favorecidos, o que também ajuda a criar laços diplomáticos que favorecem a entrada chinesa no mercado local", enfatizou.