Segundo a análise da plataforma on-line de monitoramento florestal Global Forest Watch, o ano de 2024 revelou um cenário alarmante para o meio ambiente e para as comunidades que dependem diretamente das florestas.
O Brasil, detentor da maior área de floresta tropical do planeta, foi responsável por 42% de toda a perda de floresta primária tropical no ano. A pior seca já registrada no país alimentou incêndios que causaram 66% dessa destruição — um aumento de mais de seis vezes em relação a 2023.
De acordo com dados do relatório, a Amazônia teve sua maior perda de cobertura florestal desde 2016, enquanto o Pantanal sofreu a maior perda proporcional do país, muito em função das secas históricas e da expansão agropecuária, com aumento de 13% na perda por desmatamento para soja e gado.
A diretora do Programa de Florestas e Uso da Terra do World Resources Institute (WRI) Brasil, Mariana Oliveira, destacou que, apesar dos avanços sob o governo Lula, os riscos permanecem altos.
"Sem investimento sustentado na prevenção de incêndios comunitários, fiscalização mais rigorosa e foco no uso sustentável da terra, as conquistas podem ser revertidas", alertou ela, ressaltando a importância de o Brasil aproveitar a COP30 para liderar a agenda global de proteção florestal.
Na América Latina, a Bolívia também enfrentou um cenário catastrófico, com um aumento de 200% na perda de florestas primárias, totalizando 1,5 milhão de hectares. Pela primeira vez, o país ficou em segundo lugar no ranking global de perda de florestas tropicais, superando a República Democrática do Congo. Segundo o relatório, a maior parte da destruição foi causada por incêndios ligados à expansão agrícola, agravados por políticas públicas que incentivam o desmatamento.
Os dados reforçam a urgência de ações coordenadas para conter o avanço do desmatamento e mitigar os efeitos das mudanças climáticas. A combinação de secas extremas, políticas permissivas e falta de infraestrutura de combate a incêndios está criando um ciclo de destruição difícil de se reverter.
Com a proximidade da COP30, o Brasil e outros países tropicais têm a oportunidade de transformar a crise em uma oportunidade para assumir uma tendência de reversão deste quadro uma vez que a proteção das florestas não é apenas uma questão ambiental, mas também humanitária e estratégica para o futuro do planeta.