"O que nós precisamos resolver é a questão tarifária, porque ela não se justifica, né? Neste patamar. E é um perde-perde. E aí não pode o interesse de alguns se contrapor ao interesse coletivo, o interesse de todos."
Durante reuniões com representantes do agronegócio, da indústria e da Câmara Americana de Comércio (Amcham, em inglês), Alckmin destacou que as conversas com os Estados Unidos vêm ocorrendo há meses. "Nós demos sequência às conversas. Hoje pela manhã recebemos aqui outros setores do agro, da indústria, das cooperativas, que têm importante relação comercial com os Estados Unidos, e agora à tarde fizemos uma reunião com a Ancham."
Segundo o ministro, a própria Amcham e a U.S. Chamber of Commerce divulgaram uma nota conjunta defendendo a via diplomática. "Nessa nota conjunta, elas colocam a sua posição favorável à negociação e a que haja, que [se] possa rever a questão das alíquotas."
Alckmin também disse que o Brasil já havia feito uma proposta concreta aos EUA em 16 de maio, com sugestões para avançar em um novo acordo comercial. "Foi confidencial esse documento, mas não tivemos resposta até hoje."
Diante do silêncio, o governo decidiu formalizar uma nova cobrança. "Ontem assinei com o chanceler Mauro Vieira um documento, já entregue ao secretário Howard Lutnick [do Comércio] e ao embaixador [Jamieson] Greer [Representante Comercial dos Estados Unidos], […] pedindo uma resposta." Segundo ele, apesar da falta de retorno formal, equipes técnicas dos dois países se reuniram no último dia 4 para discutir pontos da proposta.
O vice-presidente descartou, por ora, medidas retaliatórias, mas reconheceu que o governo está disposto a fazer concessões, desde que o diálogo avance. "Nós queremos negociação. É urgente. O bom é que se resolva aí nos próximos dias. Se houver necessidade […] de prorrogar, não vejo problema. Agora, o importante é resolver."
Segundo Alckmin, o Brasil já apresentou medidas ambientais e regulatórias para provar seu compromisso com padrões internacionais, o que inclui redução no desmatamento.
"Nós queremos trabalhar unidos com empresários, trabalhadores, todo mundo unido para resolver essa questão. E as empresas têm um papel importante, tanto as brasileiras — que, aliás, têm indústria nos Estados Unidos — quanto as empresas americanas."
O vice citou nomes como General Motors, Johnson & Johnson e Caterpillar como exemplos de laços industriais bilaterais. "Se cai o comércio, eles vão perder. Quer dizer, nos poucos países onde eles têm um superávit importante. Então não tem lógica, né?"