Panorama internacional

Analista ressalta viés 'expansionista' de Israel em ataque à Síria em defesa aos drusos

Em meio a tensões com a Palestina e o Irã, Israel protagoniza um novo conflito no Oriente Médio, desta vez na Síria, sob a justificativa de defender os drusos, minoria étnica síria.
Sputnik
A centelha que deu origem ao novos ataques israelenses contra o território sírio — conforme justificado pelo Exército de Israel — começou no último domingo (13), quando assentamentos drusos em Suwayda foram atacados por gangues armadas, que bloquearam a rodovia que liga a província a Damasco.
Após o incidente, o governo sírio mandou tropas até a região com o intuito de eliminar grupos armados do território.
Entretanto, a situação se agravou quando Israel entrou na jogada sob a justificativa de defender os drusos. Israel, desde então, vem lançando ataques contra posições das forças sírias que avançavam em direção à cidade de Suwayda. Na quarta-feira (16), inclusive, o Exército de Tel Aviv atacou o Ministério da Defesa sírio e os arredores do palácio presidencial na capital, Damasco, deixando pelo menos três mortos e dezenas de feridos.
O governo israelense declarou que seu objetivo é evitar danos aos drusos na Síria. As autoridades sírias, por sua vez, condenaram os bombardeios, chamando-os de violação de sua soberania e um ato de interferência em seus assuntos internos.
Em entrevista ao Mundioka, podcast da Sputnik Brasil, Adel Bakkour, refugiado sírio, graduado em relações internacionais e ex-pesquisador do Núcleo de Avaliação da Conjuntura (NAC) e da Escola de Guerra Naval (EGN), afirmou que Israel sempre vai procurar uma desculpa para "invadir" ou "expandir".
O analista chama a atenção para o viés expansionista de Israel e cita o uniforme dos soldados israelenses como exemplo da intenção do país. "Nas roupas dos soldados israelenses tem a metade da Síria e quase metade do Egito ali, na grande Israel", conta, citando isso como um projeto de longo prazo de Tel Aviv.
Panorama internacional
Análise: tensão sectária leva Síria a uma nova escalada de violência com 'aval' do Ocidente
Além disso, em relação ao atual conflito, há uma questão de reafirmar o poder na região. A Síria tem um governo recém-instalado e não conta com um aparato militar tão forte quanto o de Israel — fatores que limitam a possibilidade de resposta.
"Sempre interessa mostrar o poder, que eu posso chegar até ali, que eu posso dominar, que eu posso atacar sem receber a resposta", explica.
A justificativa israelense de proteção aos drusos, inclusive, não convence, segundo Bakkour. O especialista conta que Israel tem, no máximo, uma "simpatia" por essa minoria étnica síria, uma vez que nunca ofereceram apoio direto ao grupo.
Como a demonstração de poder está em jogo, mesmo no governo de Bashar al-Assad — que renunciou à presidência síria e deixou o país após a oposição armada capturar Damasco no fim do ano passado —, o pesquisador recorda que o país era alvo de ataques israelenses, mas os alvos eram outros. Eles "atacavam o Irã dentro da Síria".
Dessa vez, Bakkour teme que os ataques atuais tenham como pano de fundo o desejo israelense de derrubar o atual governo sírio e que a estabilidade econômica e social que os cidadãos buscam há muitos anos possa, mais uma vez, ser adiada.
Acompanhe as notícias que a grande mídia não mostra!

Siga a Sputnik Brasil e tenha acesso a conteúdos exclusivos no nosso canal no Telegram.

Já que a Sputnik está bloqueada em alguns países, por aqui você consegue baixar o nosso aplicativo para celular (somente para Android).

Comentar