Conforme o ministro, o cancelamento da reunião ocorreu em virtude do que chamou de atuação de "forças de extrema-direita" nos Estados Unidos. "Argumentaram falta de agenda, uma situação bem inusitada. O que fica claro para nós é que a questão comercial não está em foco", declarou Haddad ao canal, acrescentando que o aviso ocorreu por e-mail.
No fim do último mês, dias após o presidente estadunidense, Donald Trump, anunciar as tarifas de 50% sobre a importação de produtos brasileiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) solicitou que Haddad tentasse uma reunião com Bessent para discutir a questão. Isso porque o ministro da Fazenda já havia se encontrado com o homólogo norte-americano em maio.
"A militância antidiplomática dessas forças de extrema-direita que atuam junto à Casa Branca teve conhecimento da minha fala, agiu junto a alguns assessores, e a reunião virtual que seria na quarta-feira foi desmarcada", pontuou Haddad, que lembrou ainda das declarações do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de que trabalharia para minar qualquer tentativa de contato entre os dois governos.
Anteriormente, Bessent chegou a se manifestar publicamente contra decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, acusando-o de promover "uma campanha opressiva de censura, detenções arbitrárias que violam direitos humanos e processos politizados, inclusive contra o ex-presidente Jair Bolsonaro". Essa é a principal justificativa do governo Trump para impor ao país a tarifa mais alta entre os atingidos pelas novas taxas de importação americanas.
Plano para socorrer setores afetados
Também nesta segunda, o governo Lula deve discutir os últimos detalhes do plano de contingência para socorrer os setores brasileiros mais afetados pelas tarifas estadunidenses, como a produção de café, carne e pescados.
Entre as medidas, devem ser anunciadas a concessão de crédito, com prioridade aos pequenos produtores e, ainda, compras governamentais de produtos.