De acordo com a PF, o monitoramento eletrônico por tornozeleira não é suficiente para impedir potencial fuga. O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, encaminhou o pedido à Procuradoria-Geral da República (PGR), que deve se manifestar a respeito da solicitação até segunda-feira (1º)
Em seu novo ofício, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, afirmou que a vigilância efetiva exigiria também a fiscalização de veículos e vizinhos no condomínio, medida considerada de difícil execução e potencialmente constrangedora. Como alternativa, citou o precedente do caso do juiz Nicolau dos Santos Neto, em que uma equipe permaneceu 24 horas dentro da residência do custodiado.
Ainda de acordo com Rodrigues, o equipamento eletrônico depende de sinal de telefonia e pode sofrer falhas ou até interferências deliberadas, o que permitiria que Bolsonaro tivesse tempo hábil para deixar o local.
O pedido vem como forma de dar seguimento à determinação de Moraes, que pediu que a Polícia Penal do Distrito Federal monitorasse em tempo integral as medidas cautelares impostas a Bolsonaro.
O ex-presidente está em prisão domiciliar desde o último 4 de agosto, após Alexandre de Moraes entender que ele descumpriu a proibição de usar as redes sociais ao combinar declarações para serem republicadas em perfis de outros usuários.
Maior vigilância a Bolsonaro
A decisão do ministro Alexandre de Moraes veio após a PGR recomendar à Corte o aumento do monitoramento policial na residência do ex-presidente.
Na decisão, o magistrado afirmou que a proximidade do julgamento da ação penal da trama golpista, prevista para a semana que vem, intensifica as ações do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para atrapalhar o processo. O parlamentar, conhecido como 03, é filho do ex-presidente e está residindo nos Estados Unidos.
"Nesse sentido, as ações incessantes de Eduardo Nantes Bolsonaro, estando inclusive localizado em país estrangeiro, demonstram a possibilidade de um risco de fuga por parte de Jair Messias Bolsonaro, de modo a se furtar da aplicação da lei penal, notadamente em razão da proximidade do julgamento de mérito da AP 2.668/DF, agendado na Primeira Turma desta Suprema Corte entre os dias 2/9/2025 e 12/9/2025."
A PF informou ainda que já iniciou tratativas com a Secretaria Nacional de Políticas Penais (SENAPPEN) para que a Polícia Penal Federal atue em conjunto, caso o STF determine o aumento da segurança.
O parecer de Paulo Gonet, procurador-geral da República, para o monitoramento em tempo real, foi impulsionado pelo encaminhamento da PF ao STF e à Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP) de um ofício do líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias.
O deputado citou no ofício que teve informação sobre um "plano de fuga", somada à "proximidade geográfica e à conjuntura política e investigativa" para pedir o reforço de policiamento.
No relatório em que indicia Bolsonaro por tentativa de coação à Justiça, a PF relatou ter apreendido no celular do ex-presidente um pedido de asilo político ao presidente da Argentina, Javier Milei, alegando perseguição política no Brasil.
"De início, devo dizer que sou, em meu país de origem, perseguido por motivos e por delitos essencialmente políticos. No âmbito de tal perseguição, recentemente, fui alvo de diversas medidas cautelares", diz o texto.