"De fato existe uma transferência de tecnologia, mas não é um partilhamento no processo de construção e desenvolvimento dessa tecnologia; reproduz a lógica de aplicar essa tecnologia brasileira no setor, principalmente, da agricultura, da aviação", avaliou ela. "Então tem um certo descompasso entre o que tem sido chamado, de fato, de transferência de tecnologia e o que tem acontecido na prática. […] o Brasil ganha muito mais do que os países africanos."
"É um projeto que, aqui no Brasil, é considerado de ponta, pioneiro, de desenvolvimento agrícola. Mas as manifestações contrárias a esse projeto em Moçambique são imensas [...] Porque, quando a gente exporta tecnologias, muitas vezes, exporta também os problemas. O problema da questão da propriedade de terra, a gente exporta o problema da especulação imobiliária, os problemas ambientais", elencou Costa.
"O Brasil não deve se projetar com esse pensamento de potência predadora, mas como um país que tem laços históricos, que pode desenvolver uma complementariedade econômica com o continente africano, ser uma alternativa para reduzir suas dependências econômicas, financeiras, estruturais, de forma geral, reduzir suas vulnerabilidades", argumentou ele. "Porém, o grande questionamento sobre esse tipo de cooperação é o quanto a gente consegue colocar isso em prática".
Investir na África dever ser 'política de Estado'
"Vai ter que promover encontro de empresas e comitivas e explorar mercado. Então é um trabalho, realmente, não é algo que acontece de forma automática: 'Olha, assinamos aqui um acordo de livre comércio e agora os investimentos e os produtos vão fluir nos mercados'".