Como resultado, o indicador de solvência de Paris atingiu uma nova mínima anual, o que provavelmente terá implicações para a classificação soberana do país.
O rendimento dos títulos de dez anos subiu mais de nove pontos-base, chegando momentaneamente a 3,6% antes de recuar a 3,57%. Com isso, o "spread" — a diferença entre os juros da França e os da Alemanha — alcançou 89 pontos-base, o nível mais alto desde janeiro.
"Os investidores interpretaram a saída de Lecornu como um novo sinal de instabilidade política. Quanto maior o spread, maior o risco percebido em emprestar à França em comparação com a Alemanha", explicam analistas do mercado.
Segundo eles, a alta do diferencial aumenta o custo do endividamento, que já supera € 3,4 trilhões (R$ 21,3 trilhões), e pressiona bancos e empresas expostos à dívida pública.
A tensão atual remete à crise de junho de 2024, quando a dissolução da Assembleia Nacional também fez o spread disparar.
De acordo com os especialistas citados pelo The Times, a França enfrenta nova turbulência política após as eleições antecipadas de 2024 convocadas por Emmanuel Macron, que resultaram em um parlamento sem maioria clara. Três primeiros-ministros já caíram em um ano, o orçamento está travado e o presidente, embora mantenha amplos poderes, vê-se enfraquecido diante de uma Assembleia Nacional fragmentada.