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'Grande blefe' de Macron que não se pagou levou França à fragilidade democrática, diz analista
'Grande blefe' de Macron que não se pagou levou França à fragilidade democrática, diz analista
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Ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, analistas apontam que Sébastien Lecornu, quinto primeiro-ministro a ascender ao posto em dois anos, herda a turbulência... 02.10.2025, Sputnik Brasil
2025-10-02T19:22-0300
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Prestes a completar um mês como primeiro-ministro da França, Sébastien Lecornu chegou ao posto em um momento de forte instabilidade política no país.Ex-ministro da Defesa e aliado do presidente francês, Emmanuel Macron, Lecornu é o quinto a assumir o posto em pouco mais de dois anos do mandato de Macron, reeleito em 2022.A turbulência interna é marcada por dúvidas e desafios, exacerbados por uma série de problemas que estão enfraquecendo Macron e sua capacidade de governar de forma eficaz.Após as eleições legislativas de 2022, o presidente francês perdeu a maioria absoluta na Assembleia Nacional, resultando em um cenário de paralisia legislativa e dificuldades políticas. A oposição crescente, composta por grupos de esquerda, direita e até partidos de centro, tem se unido contra a agenda do governo, com grandes protestos contra a reforma da aposentadoria e as políticas econômicas do Palácio do Eliseu.Sem força política no parlamento, um dos desafios de Lecornu será promover uma coligação com dois grupos extremos e antagônicos, as alas radicais da direita e da esquerda, conforme aponta Carolina Pavese, especialista em Europa e doutora em relações internacionais pela London School of Economics, ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil."O Lecornu vem com um grande desafio, com esse legado de tentar emplacar uma reforma orçamentária, e a gente viu uma grande indisposição do Congresso em aprovar as propostas, como elas são feitas. Então há um consenso de que é necessário, sim, rever as contas públicas, mas a discussão é sempre o que cortar. E, aí, cada partido tem a sua agenda", afirma a especialista.Ela destaca que a turbulência atual é fruto de "um grande tiro no pé" dado por Macron em junho do ano passado, quando decidiu dissolver o Congresso e convocar eleições antecipadas, acreditando que isso reverteria um parlamento que já não lhe era favorável.Pavese explica que a raiz da indignação social que vem levando a população às ruas é a corrosão do modelo de sociedade francês, que é calcado no bem-estar social, como na maioria dos países europeus, mas tem o orçamento afetado por gastos sociais elevados e medidas de estímulo econômico desde a pandemia.Ela explica que o governo Macron tenta equilibrar as contas com cortes em saúde, educação e previdência, que afetam a população trabalhadora."Em contrapartida, mexe-se pouco […] na taxação, por exemplo, das grandes fortunas, nas medidas de baixa tributação ou nos benefícios fiscais concedidos ao setor privado."Ela enfatiza que a França vivencia um momento de fragilidade democrática, que abre margem para uma polarização que não é saudável nem vai levar ao diálogo e à resolução de diferenças, como vem ocorrendo em muitos países.Demetrius Pereira, professor de relações internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), afirma ao podcast Mundioka que as trocas seguidas de primeiros-ministros são fruto da fragmentação do parlamento.Pereira afirma que Macron, após a saída de Angela Merkel do cargo de chanceler alemã, passou a ser considerado o político mais importante da União Europeia."Porém eu não vejo ele como uma nova Merkel, eu acho que ele realmente não tem o mesmo poder agregador. Talvez uma das causas seja […] ele ser de uma vertente política diferente da de Angela Merkel. Ela era de centro-direita, ele é mais centrista. E a Merkel controlava não só o parlamento alemão, mas o parlamento europeu também."Somado a isso, ele aponta que, diferentemente de Merkel, que ficou no cargo de chanceler por 16 anos (2005 a 2021), Macron não parece ter construído o nome de um sucessor.
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'Grande blefe' de Macron que não se pagou levou França à fragilidade democrática, diz analista
19:22 02.10.2025 (atualizado: 13:40 06.10.2025) Especiais
Ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, analistas apontam que Sébastien Lecornu, quinto primeiro-ministro a ascender ao posto em dois anos, herda a turbulência no parlamento francês causada pelo "tiro no pé" dado por Macron em 2024, ao convocar eleições antecipadas.
Prestes a completar
um mês como primeiro-ministro da França,
Sébastien Lecornu chegou ao posto em um momento de forte instabilidade política no país.
Ex-ministro da Defesa e aliado do presidente francês,
Emmanuel Macron, Lecornu é o quinto a assumir o posto em pouco mais de dois anos do mandato de Macron, reeleito em 2022.
A turbulência interna é marcada por dúvidas e desafios, exacerbados por uma série de problemas que estão enfraquecendo Macron e sua capacidade de governar de forma eficaz.
Após as eleições legislativas de 2022, o presidente francês
perdeu a maioria absoluta na Assembleia Nacional, resultando em um cenário de paralisia legislativa e dificuldades políticas. A oposição crescente, composta por grupos de esquerda, direita e até partidos de centro, tem se unido contra a agenda do governo, com
grandes protestos contra a reforma da aposentadoria e as políticas econômicas do Palácio do Eliseu.
Sem força política no parlamento, um dos desafios de Lecornu será promover uma coligação com dois grupos extremos e antagônicos, as alas radicais da direita e da esquerda, conforme aponta Carolina Pavese, especialista em Europa e doutora em relações internacionais pela London School of Economics, ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil.
"O Lecornu vem com um grande desafio, com esse legado de tentar emplacar uma reforma orçamentária, e a gente viu uma grande indisposição do Congresso em aprovar as propostas, como elas são feitas. Então há um consenso de que é necessário, sim, rever as contas públicas, mas a discussão é sempre o que cortar. E, aí, cada partido tem a sua agenda", afirma a especialista.
Ela destaca que a turbulência atual é fruto de "um grande tiro no pé" dado por Macron em junho do ano passado, quando decidiu dissolver o Congresso e convocar eleições antecipadas, acreditando que isso reverteria um parlamento que já não lhe era favorável.
"Essa composição atual [do parlamento], ela vem em resposta a esse grande blefe e a essa estratégia muito arriscada, que não se pagou, do Macron."
Pavese explica que a raiz da indignação social que vem levando a população às ruas é a corrosão do modelo de sociedade francês, que é calcado no bem-estar social, como na maioria dos países europeus, mas tem o orçamento afetado por gastos sociais elevados e medidas de estímulo econômico desde a pandemia.
Ela explica que o governo Macron tenta equilibrar as contas com cortes em saúde, educação e previdência, que afetam a população trabalhadora.
"Em contrapartida, mexe-se pouco […] na taxação, por exemplo, das grandes fortunas, nas medidas de baixa tributação ou nos benefícios fiscais concedidos ao setor privado."
Ela enfatiza que a França vivencia um momento de fragilidade democrática, que abre margem para uma polarização que não é saudável nem vai levar ao diálogo e à resolução de diferenças, como vem ocorrendo em muitos países.
Demetrius Pereira, professor de relações internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), afirma ao podcast Mundioka que as trocas seguidas de primeiros-ministros são fruto da fragmentação do parlamento.
"O parlamento é muito, digamos assim, polarizado e bastante fragmentado, em vários partidos políticos, e isso acaba dificultando um pouco a nomeação do primeiro-ministro. Desde então, dessa eleição antecipada do parlamento francês, está difícil nomear um primeiro-ministro que seja estável."
Pereira afirma que Macron, após a saída de Angela Merkel do cargo de chanceler alemã, passou a ser considerado o político mais importante da União Europeia.
"Porém eu não vejo ele como uma nova Merkel, eu acho que ele realmente não tem o mesmo poder agregador. Talvez uma das causas seja […] ele ser de uma vertente política diferente da de Angela Merkel. Ela era de centro-direita, ele é mais centrista. E a Merkel controlava não só o parlamento alemão, mas o parlamento europeu também."
Somado a isso, ele aponta que, diferentemente de Merkel, que ficou no cargo de chanceler por 16 anos (2005 a 2021), Macron não parece ter construído o nome de um sucessor.
"Ainda tem essa questão na França. Quem vai ser o sucessor dele? Será que vai ser alguém realmente do mesmo partido?", questiona o especialista.
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