"Junta nesse caldeirão político a questão da faixa etária do jovem com esse vetor, a rede social, e aí casa direitinho, porque já estão usando o local onde eles estão e acaba sendo, às vezes, de forma mais coordenada [a organização]; outras, menos coordenada."
"Não estou querendo generalizar, mas, grosso modo, é um pouco isso que a gente vê. Uma participação mais ampla, mas superficial, e, nesse sentido, a geração Z acaba sendo muito mais massa de manobra. […] Acho que nós, enquanto sociedade, estamos em um primeiro momento das redes sociais. Então é difícil fugir dessa coisa, vez ou outra, de ser levado pelo que está sendo pautado [nas redes]."
"Você pega o pessoal que participou do 8 de Janeiro, muita gente era idosa. Se não era idosa, eram aposentados, mais de 60 anos. Você vê que não foi algo que pegou necessariamente a população jovem, que é uma turma que passou a ser muito consumida por informação que está na Internet."
"O fato é o seguinte: a gente está com um número de variáveis muito maior agora. É um pouco complicado você querer botar tudo nas costas de uma coisa só. […] Assim, por mais que se tenha estudos que estejam elaborando algumas explicações e hipóteses baseadas em amostragem, eles não conseguem captar a rede [de fake news] como um todo, como ela foi fabricada."
Governos nas mãos das redes sociais
"Donald Trump puxa as redes sociais para o lado do governo americano e direciona o que elas devem fazer. Por exemplo, recentemente nós tivemos uma reunião do [Mark] Zuckerberg [CEO da Meta] e de outros CEOs de redes sociais na Casa Branca em que foram anunciados vultosos investimentos das big techs no território americano."
"O mundo inteiro está se movimentando para adequar as redes sociais à legislação interna do seu país, de modo que consiga abarcar uma discussão democrática. […] Milhões de pessoas estão usando as redes sociais. Você tem uma dependência financeira em torno dessas redes sociais, cultural também. Tirar elas do ar simplesmente não é uma possibilidade fácil, não é um botão de liga e desliga, existe toda uma discussão nesse sentido."
"Não vejo mais muita distinção entre o Vale do Silício privado e o estatal. Acho que isso aqui está plasmado em uma coisa só. Aquilo que era o complexo industrial-militar está virando o complexo big tech-militar."
"Um mecanismo mais eficiente de regulação seria ter outras redes e outros mecanismos de comunicação que façam a contraefetuação disso, de onde você não precise depender tanto ou se deixar na mão, de maneira tão grande, de quatro ou cinco empresas."