"É uma oportunidade que a gente está tendo de poder se comunicar com o mundo, de mostrar o que realmente a gente produz", disse ele durante visita da reportagem à propriedade.
Com produção voltada à criação de búfalos em condições naturais, Araújo destaca que a fazenda busca unir tecnologia e sustentabilidade. "A gente procura juntar a tecnologia com a parte ambiental. Nós produzimos o nosso búfalo em campos naturais, em condições naturais na ilha do Marajó, trazemos ele para cá já na fase final, onde a gente faz o trabalho sanitário".
"E aí sim a gente aplica uma intervenção nessa produção, fornecendo alimentos ricos em energia e proteína", explicou. Segundo o produtor, essa combinação resulta em um "animal saboroso, um animal jovem", e atende às exigências de mercados externos que valorizam práticas sustentáveis.
Para ele, a COP30 é também uma chance de corrigir percepções distorcidas sobre o setor produtivo amazônico. "As notícias que correm falam sobre a não preservação, falam sobre a parte ruim, sobre possíveis desmatamentos e queimadas que não são ocasionados pelo produtor", afirmou. "É importante a gente mostrar para o mundo que a gente preserva, que cumpre os requisitos e cria dentro da legislação de forma eficiente."
"A população nossa aqui, os produtores, a população em geral, aqui do estado, estão muito felizes com a realização da COP aqui e é uma baita oportunidade para a gente".
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em levantamento antigo, há mais de 1,78 milhão de bubalinos no país, dos quais o Pará detinha aproximadamente 38%.
Relatório da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (FAPESPA) indica que o Pará lidera a criação de búfalos como uma das atividades agropecuárias "estratégicas". Em termos globais, o país que mais domina a produção desse tipo de rebanho é a Índia, com mais de 100 milhões de búfalos e aproximadamente 54% da produção mundial de carne de búfalo.
Vale ressaltar que, embora no geral os produtores cumpram a legislação e atuem de forma sustentável, existe uma fração cujo modelo produtivo está diretamente ligado à degradação do ambiente.
Dados mostram que parcela significativa da devastação ambiental está associada à expansão do agronegócio e à pecuária. Segundo o levantamento do MapBiomas, em 2023 quase 90% da área desmatada no Brasil estava concentrada em menos de 1% das propriedades rurais.
Outro estudo do órgão aponta que entre 2019 e 2024 o agronegócio foi responsável por mais de 97% da perda de vegetação nativa no país.