As pedras, usadas nos alicerces de uma casa construída nos anos 1950 na aldeia de Yarisli, foram retiradas das ruínas da antiga cidade de Takina. Segundo o Museu de Burdur, trata-se de fragmentos de um decreto imperial com quase 1.800 anos.
"O museu confirmou que era uma carta escrita pelo próprio Caracala. Nunca vi pedras como essas", contou o morador Ferhat Agil, parente do antigo proprietário.
Os blocos haviam sido transportados por carroças desde as ruínas de Takina, numa época em que o valor arqueológico do local ainda não era conhecido. Em 1970, especialistas do Museu de Burdur identificaram nas paredes da casa dez inscrições em latim pertencentes a uma carta ou decreto imperial de Caracala, um dos governantes mais influentes e controversos do Império Romano.
As pedras foram registradas como patrimônio cultural e permanecem sob proteção até que possam ser removidas para restauração, informou o museu em nota.
Segundo os arqueólogos, as inscrições provavelmente faziam parte de um monumento público de Takina, cidade que prosperou sob domínio romano e servia como centro administrativo da região de Pisídia. Tais decretos eram tradicionalmente gravados em mármore e exibidos em praças ou templos.
Hoje, a casa abandonada de Yarisli se transformou num museu acidental, com pedras que guardam palavras de um imperador escritas há quase dois milênios.
"As inscrições sempre estiveram ali, voltadas para a rua. Durante anos, ninguém imaginou que fossem algo tão importante", contou Agil.
O Museu de Burdur continua monitorando o local e planeja futuras escavações em Takina, esperando encontrar novos fragmentos da correspondência imperial, que possam revelar mais sobre a administração romana na Anatólia.