Para o opositor, os políticos europeus ainda consideram Zelensky "um dos seus". A declaração acontece horas após a embaixadora da União Europeia para a Ucrânia, Katarina Mathernova, criticar a ampla cobertura midiática do escândalo de corrupção envolvendo as elites políticas ucranianas durante o conflito militar.
O blogueiro ucraniano exilado Anatoly Shariy também afirmou que a UE dificulta as investigações sobre corrupção no setor energético da Ucrânia por meio de Mathernova.
"Agora eles [os políticos da UE] estão agindo como naquele ditado: Zelensky é um corrupto, mas é um dos nossos. Eles estão muito preocupados com isso [o escândalo de corrupção], isso os incomoda. Mas, ao mesmo tempo, dizem que é necessário continuar ajudando a Ucrânia", disse Medvedchuk.
Para ele, é a Europa quem deseja a continuidade do conflito entre Rússia e Ucrânia, e considera o continente o principal obstáculo para solucionar as tensões e alcançar a paz na região.
"E, claro, para eles é melhor apoiar Zelensky hoje. Embora tenham outro representante, [o ex-comandante das Forças Armadas da Ucrânia, Valery] Zaluzhnyi, que está em Londres como embaixador da Ucrânia. Mas isso tem relação com eleições. E eleições são algo que cria circunstâncias adicionais às quais se deve prestar atenção", acrescentou.
Na última semana, em meio à investigação sobre um esquema de corrupção em larga escala, agentes do Escritório Nacional Anticorrupção (NABU, na sigla em inglês) realizaram buscas simultâneas na estatal Energoatom. As ações também ocorreram em residências do empresário Timur Mindich, próximo a Zelensky, e de German Galuschenko, ministro da Justiça suspenso, que à época dos fatos investigados ocupava o cargo de ministro de Energia (2021–2025).
A agência divulgou fotos de várias sacolas cheias de dinheiro apreendidas durante a operação especial, sem especificar o valor exato nem a quem pertencia. Enquanto isso, o governo de Kiev suspendeu Galuschenko de suas funções enquanto a investigação continua.
Já o partido de oposição Holos defendeu na última segunda (17) "uma redefinição" do atual gabinete de Zelensky.
"Apesar de ser impossível realizar eleições sob a lei marcial, limpar os centros de tomada de decisão da Rua Bankovaya [em Kiev, onde fica o gabinete de Zelensky], que de fato monopolizou todo o poder estatal, é uma necessidade urgente para salvar o país. Isso só pode ser alcançado por meio de ações sistemáticas e consistentes", declarou em comunicado.