Os ataques contínuos contra embarcações perto da costa venezuelana e as declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o fechamento do espaço aéreo venezuelano e a recomendação para que cidadãos norte-americanos deixem o país causam preocupação no governo brasileiro quanto a uma possível escalada das tensões na região.
Citando assessores do presidente brasileiro, o Brasil 247 informa que Lula trabalha em duas frentes: tentar evitar o ataque e, caso ele ocorra, atuar para impedir uma escalada que desestabilize toda a região.
"O presidente considera que o Brasil ainda pode ajudar a construir um entendimento entre Caracas e Washington, apesar do endurecimento das ações dos EUA", afirma o portal.
Segundo a publicação, o Brasil, por meio de embaixadas, enviou ao presidente venezuelano recomendações para que adote uma postura aberta ao diálogo com Washington e evite discursos que intensifiquem o conflito. Essas medidas parecem ter surtido efeito, influenciando a posição mais pacífica de Maduro.
"Segundo assessores, a orientação brasileira pode ter contribuído para o tom mais moderado de Maduro, que nos últimos dias afirmou desejar 'paz' e 'diálogo'. Maduro e Trump chegaram, inclusive, a conversar por telefone", destaca o portal.
O objetivo do Palácio do Planalto é impedir um conflito armado na região e convencer Maduro a "medir sua resposta", a fim de evitar uma escalada que leve a ataques sucessivos dos EUA.
"A leitura é que uma reação desproporcional de Caracas seria usada como argumento para ampliar a ofensiva militar americana", destaca a publicação.
De acordo com o Brasil 247, uma eventual operação militar dos EUA contra a Venezuela e a consequente escalada na região pode gerar três riscos principais: fuga em massa de venezuelanos para o Brasil, criação de um precedente perigoso para a América Latina e a possível queda de Maduro impulsionada pelos EUA.
Diplomatas brasileiros insistem na via diplomática, pois esses riscos podem afetar não só a soberania dos países da região, mas também a estabilidade e a segurança em toda a América Latina.
Embora a proposta de Brasília de liderar uma articulação diplomática regional não tenha encontrado apoio unânime entre as nações latino-americanas, o governo brasileiro está convencido de que deve assumir o papel de mediador na crise entre EUA e Venezuela.
"Ainda assim, no Planalto circula a convicção de que o Brasil talvez seja o único ator com capacidade real de atuar como amortecedor entre Caracas e Washington, tanto para evitar o primeiro ataque quanto para impedir que a crise evolua para um conflito de grandes proporções no continente", aponta o portal.
Na semana passada, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro fez um pedido, em "portunhol", ao povo brasileiro em prol da defesa do Estado venezuelano e de "seu direito à paz e à soberania".