A Lista, que é organizada pela revista Nature, considerada a mais influente do mundo na área científica, destaca a contribuição decisiva de Moreira para o enfrentamento de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, como dengue, zika e chikungunya.
O pesquisador lidera um projeto que já demonstra impacto direto na redução dessas enfermidades e tem como meta futura eliminá-las.
Após 17 anos de estudos, sua equipe desenvolveu uma linhagem do mosquito com a bactéria Wolbachia — microorganismo que impede o vírus de se replicar dentro do inseto, tornando-o incapaz de transmitir doenças.
"Eu fiquei muito emocionado, quase não acreditei. Acho muito importante, no Brasil, a gente conseguir fazer pesquisas de ponta. E o que mais me dá satisfação é ver que estamos conseguindo reduzir o sofrimento e as mortes no país. Estamos mostrando como a ciência consegue ajudar tantas pessoas", diz o pesquisador em entrevista à imprensa.
De acordo com a Fiocruz, o método consiste na introdução da bactéria Wolbachia nos ovos de mosquitos Aedes aegypti, produzindo uma população de mosquitos, chamados de Wolbitos, que não são transmissores do vírus responsável pela dengue.
A Wolbachia manipula a reprodução de seus hospedeiros, ou seja, se um mosquito macho com a bactéria cruzar com a fêmea, esta fica estéril. E se a bactéria tiver sido introduzida na fêmea, 100% de sua prole nascem com ela, reduzindo a incidência de casos de dengue, zika e chikungunya.
O bloqueio da replicação desses vírus, entre outros não utiliza produtos químicos e apresenta características de manutenção autônoma na população de mosquitos ao longo do tempo, segundo as pesquisas.
Moreira trouxe a nova tecnologia da experiência que teve na Austrália, quando participou como doutorando de um programa internacional voltado para o combate à Dengue, em 2008.
No site da Fiocruz, ele conta que após as aprovações regulatórias do Ibama, da Anvisa e do comitê de ética, a instituição importou os ovos de mosquitos com Wolbachia da Austrália e fez cruzamentos com mosquitos do Brasil, para a introdução da bactéria em populações de mosquitos no país sul-americano.
Os testes começaram na cidade de Niterói (RJ) e em 2019, a tecnologia foi estendida para Campo Grande (MS), Petrolina (PE) e Belo Horizonte (MG), por meio do programa World Mosquito Program (WMP), que atualmente está presente em 14 países, de acordo com a Fiocruz.