Pela primeira vez, os cientistas, usando experimentos em altas temperaturas e pressões, confirmaram que nas profundezas do manto inferior da Terra (a uma profundidade de 660 quilômetros) pode existir um "superoceano" – um enorme reservatório de água primordial, representando entre oito e 100 por cento do volume total de todos os oceanos na superfície da Terra, avança China Daily.
A equipe de pesquisa desenvolveu uma plataforma de tecnologia avançada que modelou com sucesso condições extremas pela primeira vez a uma profundidade de 660 quilômetros abaixo do solo, com uma pressão aproximada de 23-32 gigapascal e temperatura entre 1.273–2.100 K, ou seja, entre cerca de 1.000–1.826 °C.
Sabe-se que há 4,6 bilhões de anos a Terra não era um planeta azul. As frequentes e fortes colisões de corpos celestes fizeram com que a sua superfície e subsolo fossem preenchidos com magma quente, tornando impossível a água existir num estado líquido e criando uma situação crítica na qual a vida não poderia sobreviver. À medida que o oceano magmático inicial da Terra esfriou, ele cristalizou-se em minerais sólidos que gradualmente formaram o manto.
Bridgmanite (silicate perovskite) é o primeiro mineral cristalizador no manto, respondendo por mais da metade do seu conteúdo. Ele atua como um "recipiente para armazenar água", e a sua capacidade de "reter água" determina diretamente a quantidade de água que pode ser transportada do magma para a parte sólida da Terra.
Estudos recentes mostram que a capacidade dos minerais para reter água aumenta significativamente com o aumento das temperaturas. Isto significa que durante a fase mais quente do "oceano magmático" na Terra, o bridgmanite cristalizante foi capaz de "capturar" e reter muito mais água do que se pensava anteriormente.
O modelo de cristalização do oceano magmático, baseado em dados experimentais, mostra que, após a solidificação do oceano magmático inicial da Terra, o manto inferior tornou-se o maior reservatório de água em todo o manto sólido, com uma capacidade de armazenamento de água que pode ser cinco a 100 vezes maior do que anteriormente assumido pela comunidade científica.