Segundo a publicação, durante a temporada de 2025, os arqueólogos encontraram uma escada com cinco degraus que subia do nível da via pública até o limiar da biblioteca.
A descoberta resolve uma questão antiga: como os habitantes da cidade superavam a diferença de altura de cerca de dois metros entre a principal artéria urbana e o complexo da biblioteca, situado em uma colina.
De acordo com o professor Serdar Hakan Oztaner, da Universidade de Ancara e coordenador das escavações, a escada data de meados do século II d.C., sendo composta por cinco degraus cuidadosamente construídos, que levam a um pátio frontal pavimentado em mármore, logo diante da biblioteca.
"Essa escolha arquitetônica revela um planejamento intencional: a subida deveria ser visível, cerimonial e central, e não escondida ou secundária", afirmou ele.
Apesar do tamanho modesto, a escadaria recém-descoberta tem importância desproporcional. Ela oferece evidências concretas de como os urbanistas romanos lidavam com desníveis, fluxos de pessoas e visibilidade em ambientes urbanos complexos.
"O mais relevante, porém, é que a descoberta revela como o acesso ao saber era meticulosamente planejado: ir da rua à biblioteca representava tanto uma mudança física quanto um gesto simbólico", destaca a publicação.
A escadaria confirma que a biblioteca não estava isolada da vida cotidiana da cidade. Pelo contrário, ocupava posição central na rede de circulação urbana, reforçando a ideia de que a educação e o conhecimento público eram partes integrantes da identidade cívica.
Indícios arqueológicos apontam que a biblioteca foi erguida por volta de 130 d.C., em uma época marcada por forte investimento romano em construções monumentais na Ásia Menor.
O edifício contava com 16 armários embutidos, sinal de que abrigava uma coleção expressiva de rolos e manuscritos, entre textos literários, filosóficos e científicos.
Para os visitantes atuais, a escadaria recria a experiência autêntica da antiga Nysa, permitindo-lhes caminhar pelo mesmo trajeto percorrido por estudantes, intelectuais e moradores da cidade há quase dois milênios.