Além de sobreviver no deserto gelado, os soldados da primeira brigada motorizada ártica aprendem a combater e a manejar as armas modernas em condições de 40 graus negativos e quando a camada de neve chega até a cintura.
O Ministério da Defesa da Rússia demorou apenas um ano para cumprir o decreto do presidente. Na aldeia de Alakurtti, nas profundezas da região transpolar russa perto da fronteira com a Finlândia, surgiu uma nova cidadela militar onde vivem, servem e se treinam os soldados encarregados de proteger as fronteiras árticas da Rússia. Konstantin Sivkov, primeiro vice-presidente da Academia de Problemas Geopolíticos, ressalta a grande importância de na região ter sido criado um distrito militar especial:
"A Rússia tem necessidade das tropas especiais árticas porque o Ártico se caracteriza por particularidades que o distinguem radicalmente de quaisquer outros teatros de operações. As especificidades decorrem de uma capacidade operacional extremamente reduzida e de condições físicas e geográficas duras devido a baixas temperaturas e gelo.
"Além disso, se trata de um teatro de operações predominantemente insular, sendo continental apenas a costa russa. Portanto, a Marinha nesta região tem enorme importância, em particular, os quebra-gelos pesados, e as unidades congêneres das Forças Terrestres e dos Fuzileiros Navais, cuja composição, equipamento e treinamento do pessoal as tornam capazes de realizar operações de combate em condições similares".
A brigada de infantaria motorizada ártica foi colocada sob as ordens do Comando Estratégico Conjunto Sever (Norte, em russo), do qual faz parte também a Frota do Norte da Rússia. Além disso, o Comando Sever obterá em 2015 as suas próprias forças de defesa antiaérea.
Sob esta cortina, no Ártico, inclusive nas áreas de plataforma continental disputadas com a Rússia, passam quase despercebidos os exercícios militares dos países escandinavos (Suécia, Noruega e Finlândia). E são poucas as pessoas que compartilharam a preocupação de Moscou com o aumento da presença no mar de Barents da frota de submarinos nucleares dos EUA que treinam atividades operacionais no Ártico, destaca o primeiro vice-presidente da Academia de Problemas Geopolíticos, Konstantin Sivkov:
"Outros países também aumentam suas forças militares na região do Ártico. Os Estados Unidos intensificam as atividades em águas submarinas da região, admitindo mesmo incursões em nossas águas territoriais. A Força Aérea norte-americana realiza de forma ativa voos, principalmente de reconhecimento. Os EUA e o Canadá estão implantando no Alasca um sistema de defesa antimísseis conjunto. Também foi criado ali um poderoso grupo de aviação tática".
A questão, é claro, tem a ver com os ricos depósitos de recursos naturais do Ártico. E no contexto quando cada um quer pegar um pedaço do bolo, a Rússia tem de reforçar as suas fronteiras e estar preparada para defender os seus interesses no Ártico. A formação do grupo de forças armadas na região transpolar tem como objetivo, de acordo com a doutrina militar da Federação da Rússia, providenciar segurança no Ártico para o desenvolvimento sócio-econômico da Rússia, seu carácter é defensivo e de contenção.