O chefe da delegação russa no Conselho de Negócios dos BRICS, Sergei Katyrin, disse em entrevista à Sputnik que a adoção do modelo de pagamento em moedas locais foi um dos principais temas de discussão na reunião de 9 e 10 de fevereiro. Quase todas as delegações, comentou, quiseram saber como fazer para viabilizar este modelo.
Há certos riscos relacionados com as moedas nacionais dos países membros dos BRICS. Por exemplo, o rublo russo, tal como o real brasileiro, têm passado por um período de baixa. Por isso, nos dois dias da reunião as delegações estavam procurando opções para minimizar os riscos. Este assunto terá continuação ainda neste ano.
O Brasil já viabilizou um Sistema de Pagamento em Moeda Local (SML) para transações com a Argentina e o Uruguai.
Já a Rússia pode adotar um modelo semelhante para relações comerciais com o Egito. Vladimir Putin compartilhou esta intenção oficial em uma entrevista recente.
Alternativa ao FMI
Outro assunto econômico importante discutido na reunião foi o do novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS, cuja criação foi oficializada no ano passado, durante a cúpula presidencial em Fortaleza.
Segundo Sergei Katyrin, hoje em dia a criação do Banco já está na sua segunda etapa, a de elaboração de documentos normativos e regulamento. Katyrin sublinhou que o setor de negócios da Rússia deseja que “este Banco não seja burocratizado, que os procedimentos de aprovação de projetos de investimentos e outros tipos de projetos propostos ao Banco sejam minimizados, pelo menos para os representantes dos países dos BRICS”.
É ainda assunto de discussão se outros países, que não fazem parte do grupo BRICS, vão ser atraídos para participarem das atividades do Banco.
A delegação russa no Conselho de Negócios apresentou 37 projetos para o início do trabalho do Banco.
O Banco de Desenvolvimento dos BRICS, junto com o Arranjo Contingente de Reservas, é um organismo financeiro internacional que muitos economistas avaliam como uma alternativa ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
Novas perspectivas
No quadro geral da reunião, um novo grupo de trabalho foi criado para se juntar aos grupos de política, energia, ecologia, finanças, preparação de pessoal e infraestrutura. É o grupo de trabalho para assuntos agrícolas.
Segundo o doutor Katyrin, a delegação russa apresentou várias iniciativas para melhorar o funcionamento do Conselho, inclusive a unificação do regulamento técnico para coordenar de uma forma mais eficiente os esforços dos países do grupo.
Outro projeto proposto pela delegação russa visa ajudar a superar diversas barreiras administrativas para facilitar o comércio internacional e investimentos mútuos entre os BRICS.
Além disso, foi apresentada a cidade de Ufa, que será sede da cúpula presidencial dos BRICS neste ano. Ufa é a capital da república de Bascortostão, na região dos Urais (perto da fronteira entre a Europa e a Ásia), perto do centro geográfico da Rússia.
Na cúpula de Ufa, a delegação brasileira apresentará o relatório anual relativo a 2014.
Já as relações comerciais entre o Brasil e a Rússia devem crescer ainda mais. Além de carne, produtos lácteos e outros produtos de alimentação, planeja-se exportar têxteis brasileiros para a Rússia, disse Katyrin.